sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Indicação e contra-indicação: pilates


A vantagem do método pilates está no fato de ser um sistema que atende à realidade de praticantes de qualquer idade, sexo ou nível de aptidão, dando bons resultados se a pessoa for um completo iniciante, um amador de exercícios físicos ou mesmo um atleta profissional (Dillman, 2004).

Segundo Camarão (2004), independente da idade, qualquer pessoa pode ser beneficiada com este método que melhora a qualidade de vida e oferece resultados rápidos. Mas para obter os benefícios do Pilates é preciso ser disciplinado.

De acordo com Abrami; Browne (2003), o interessante é que a atividade possa ser desenvolvida atendendo as necessidades específicas de cada praticante. Os exercícios são adaptados conforme as condições físicas do praticante, não havendo contra indicações. Há os exercícios que podem ser evitados, mas existem outros que se encaixam nas necessidades físicas do praticante. Cada praticante é visto como um ser diferente, não há um programa rígido que deve ser seguido a todos que entram no estúdio. As aulas são adequadas com o biotipo, estado de condicionamento e a capacidade do praticante.

 Para alguns praticantes, o respeito aos seus limites de esforços físicos é importantíssimo. O interessante é que não sintam o corpo desgastado por uma atividade física extenuante, onde os músculos são sobrecarregados. O ideal a esse público é sentir os benefícios do treinamento em sua flexibilidade, postura, força, alívio das dores crônicas de forma agradável (Tribastone, 2001).

Já outros praticantes, acostumados a exercícios fortes e a esportes de ação, a princípio estranham a leveza e fluidez dos movimentos do método pilates. Mas logo se surpreendem com a intensidade do treinamento e com os profundos ganhos em equilíbrio, alinhamento, elasticidade, eficiência na realização de potenciais de força muscular e proteção contra lesões (Abrami; Browne, 2003).

Para Craig (2005), nas recuperações de lesões, o método apresenta características de baixo impacto, proteção das articulações, bom estímulo à recuperação de tecidos musculares e correção da postura e respiração, além da melhora da auto-estima.
Segundo Becker (2003), este método de condicionamento corporal promove harmonia e balanço muscular em todas as idades, sem contra-indicações, condicionando e energizando seu corpo através dos exercícios.

Conscientizando alinhamentos e encaixes, o método põe a coluna vertebral em prumo, sustentada por um suporte muscular central firme e eficiente, corrigindo sobrecargas indevidas em outras regiões do corpo e liberando-as para desenvolverem suas próprias potencialidades em harmonia e com equilíbrio (Dillman, 2004).

Os exercícios podem ser praticados por qualquer indivíduo, desde atleta até o sedentário, do idoso ao adolescente, da grávida a pacientes em fase de reabilitação, podendo ser recomendado como condicionamento para prevenção de lesões (Barreto, 2006).

Segundo Joseph Pilates (apud Camarão, 2004), o método deve ser aplicado em crianças a partir de 12 anos de idade por acreditar que crianças mais jovens, não apresentam capacidade e maturidade para concentração suficiente para a execução dos exercícios.
Antes de iniciar qualquer tipo de atividade física, o ideal é que seja procurado um médico para ser feito uma avaliação. Isso é fundamental para evitar riscos que comprometam a saúde do praticante, a qualidade na execução do método e o profissional que está aplicando a atividade física (Craig, 2005).
 
Há três níveis de aprendizado: básico, intermediário e avançado. Todos os exercícios podem ser modificados e segmentados para adequar com as condições do praticante. Após perfeita execução os exercícios vão evoluindo acompanhando a sincronia da mente e do corpo (Abrami; Browne, 2003).
 
Os exercícios devem ser praticados de forma agradável, relaxante e com facilidade na execução, já que devem ser modificados para adaptar as necessidades do praticante. Portanto, a execução não pode causar dores, exaustões, grandes tensões e nem sobrecargas. O aluno tem que sentir prazer em praticar o método. Jamais a conseqüência do dia seguinte deve ser a dor muscular, fadigas e aumento do estresse. Por isso o aluno deve estar bem instruído e não praticar o método em grupos maiores de 04 pessoas. O ideal é a individualidade no atendimento, pois o comando verbal, através das figuras de imagens e o contato manual na região que deve ser acionada a musculatura garantem a qualidade e precisão na execução do método (Dillman, 2004).
 
Dicas para instruir a prática dos exercícios de forma perfeita
As instruções de um profissional capacitado interferem diretamente na execução dos exercícios com perfeição (Craig, 2005).

A fidelidade aos princípios e a perfeita execução garante os resultados do método pilates e o diferencia dos demais modos de praticar uma atividade física (Abrami; Browne, 2003).
Segundo Camarão (2004), segue algumas dicas para que o praticante seje bem orientado à alcançar a perfeição dentro dos seus limites.

1. Respeite os limites do seu corpo; 
2. Pare imediatamente ao sentir dor. Modifique o movimento para continuar ou pule este exercício. Caso a dor persista, procure o médico;
3. Pilates é a qualidade de movimento, e não a quantidade. Faça menos repetições;
4. Procure a perfeição em cada movimento;
5. Execute movimentos com precisão;
6. Respeite sempre o número máximo de 08 repetições;
7. Faça os exercícios lentamente e com controle para ganhar força e resistência muscular;
8. Faça os movimentos de forma relaxada, com graça e fluidez;
9. Concentre-se nos movimentos que está executando;
10. Busque a integração do seu corpo com sua mente;
11. Respire a cada movimento; 
12. Mantenha sempre seu abdômen profundamente contraído. Imagine seu umbigo cada vez mais colado à sua coluna;
13. Verifique se você está fazendo os exercícios com a postura correta;
14. Mude de nível somente após executar os exercícios do nível em que está com facilidade.

2.1.7- Benefícios

O método oferece um programa de exercícios que estimulam a circulação e oxigenação do sangue, melhora o condicionamento físico geral, a flexibilidade, a amplitude muscular e o alinhamento postural adequado. Além disso, promove melhoras nos níveis de consciência corporal, da coordenação motora e do controle muscular (Souza, 2006).
Todos esses benefícios citados ajudam a prevenir e reduzir o risco de lesões e proporcionam o alívio das dores (Dillman, 2004).

Segundo Camarão (2004), para a coluna vertebral, o método fortalece, alonga e equilibra toda a musculatura, alinhando e descomprimindo tensões. Ajuda aliviar pinçamentos e compressões de disco, o que facilita a circulação de sangue nessas regiões.

Os exercícios são executados com estabilização da pelve e a coluna em posição neutra, e conforme Craig (2005) o respeito as curvaturas fisiológicas, é importante para que a musculatura tenha ganhos com o alongamento, fortalecimento e equilíbrio, proporcionando um perfeito alinhamento corporal.

Com a certeza, de que os músculos devem ser fortes e flexíveis para se manterem bonitos e saudáveis, o método pilates através dos seus exercícios, fortalece os músculos fracos, alonga os encurtados e aumenta a mobilidade das articulações. Movimentos fluentes são feitos sem pressa e com muito controle para evitar estresse. O alinhamento postural é importante em todos os exercícios ajudando na melhora da postura global do indivíduo (Bergamo; Hauashida, 2003).

O método proporciona ainda uma melhoria no desempenho sexual e na incontinência urinárias, pois trabalha a musculatura do assoalho pélvico (Craig, 2005).

O diferencial do método está na visão holística do seu criador, de mente sã e corpo são. Através disso, o praticante se beneficia da integração do corpo e da mente, do condicionamento mental, do alívio do estresse e dores crônicas, melhora da auto-estima, da conscientização corporal, promovendo o relaxamento (Mamber; Sgarioni, 2002).

Através da respiração, a capacidade respiratória e mobilidade da caixa torácica e diafragmática melhoram (Campignion, 1998).
O método promove o auto-conhecimento e a harmonia dos movimentos necessários para a qualidade nas atividades da vida diária, proporcionando um estilo de vida saudável.
 

2.2- Aspectos Anatômicos da Região Lombar

A função do segmento lombar é o de sustentação da cabeça, membros superiores e tronco, movimento, além de proteção da medula espinhal. A coluna lombar é composta por 05 vértebras articuladas entre si pelo disco intervertebral e por 02 pares de articulações interapofisárias. O corpo vertebral ocupa a porção ventral da coluna e se articula com o adjacente através da interposição do disco intervertebral (Greve; Amatuzzi, 1999).

O disco intervertrabral é composto por um núcleo pulposo e externamente pelo o anel fibroso. A matriz do núcleo pulposo contém aproximadamente 80% lâminas fibrocartilaginosas dispostas em diferentes direções. A perfeita integridade do disco é fundamental para a biomecânica da coluna, pois participa da sua estabilização e flexibilidade e, juntamente com o corpo vertebral, resiste às forças de compressão (Rasch; Burke, 1977).

A conformação do disco intervertebral também participa da gênese da lordose lombar devido a menor altura de sua porção posterior. Para a estabilidade do compartimento anterior da coluna, concorrem os ligamentos longitudinais anterior e posterior, que recobrem respectivamente a face anterior e posterior do corpo vertebral, e do disco intervertebral (Greve; Amatuzzi, 1999).

As articulações interapofisárias são diartrodiais, possuindo cartilagem, membrana sinovial e líquido sinovial. São estabilizadas pelas cápsulas articulares e por ligamentos. Tem a função de orientar e limitar o movimento da coluna, o que é feito de acordo com a direção de suas facetas articulares (Sobotta, 1995).

O arcabouço ósseo e o disco intervertebral dão forma ao canal vertebral, que contém e protege a medula espinhal, raízes nervosas e sua meninge, e aos forames intervertebrais, trajetos das raízes. O canal é recoberto anteriormente pelo ligamento longitudinal posterior e posteriormente o ligamento amarelo (Kapandji, 2000).

Eminências ósseas (um processo espinhoso e dois transverso por vértebra) ancoram o ligamentos e músculos e são submetidas a forças de tração. Encontram-se ai o ligamento supra-espinhoso, que recobre longitudinalmente os ápices dos processos espinhosos, e os processos intertransversos adjacentes. A musculatura participa importantemente da estabilização e forma da coluna e é responsável pelos movimentos de flexão, extensão, lateralização e rotação (Kendal, 1995).

Segundo Greve; Amatuzzi (1999), a coluna lombar é irrigada pelas artérias segmentares oriundas da aorta. A drenagem venosa depende das veias vertebrobasilares e intercostais e plexos venosos. A inervação se faz por ramos dos nervos espinhais: nervos meníngeos recorrentes e ramos da divisão primária posterior. A nocicepção origina-se de terminações nervosas livres localizadas no periósteo, cápsulas articulares, anel fibroso, vasos sanguíneos, músculos e ligamentos.

2.3- A Postura Ereta

A posição ereta bípede do homem resultou da evolução da espécie em milhões de anos da seleção natural, segundo a concepção darwiana, pela qual as espécies que apresentavam variações favoráveis são preservadas e as que apresentam mudanças desfavoráveis tendem a ser destruídas (Knoplich, 2003).

O homem é da família dos primatas, que inclui, entre outros, os macacos, e é de aparecimento tardio na evolução, estando incluída na classe dos mamíferos.

Os primeiros mamíferos apareceram na terra 90 – 50 milhões de anos atrás, depois da queda dos répteis e eram pequenos comedores de insetos que, graças aos seus membros móveis, podiam se manter na água e se arrastar na terra. A pronação, desenvolvida durante a vida aquática, já era natural para eles, e com o passar do tempo se adaptaram a subir em objetos no chão e em árvores. Gradualmente, os membros posteriores se adaptaram para sustentar o peso do corpo, as mãos para apanhar comida e segurar objetos interessantes para melhor examina-los (Knoplich, 2003).

Nesse período, os mamíferos tiravam a sua alimentação das árvores altas, e assim tinham de desenvolver agilidade e destreza. Através da seleção natural, da sobrevivência do mais apto, ocorreu que os olhos se deslocaram mais para a frente, permitindo uma visão tridimensional, em profundidade, e com isso o cérebro foi aumentando de tamanho, até atingir seu ápice nos macacos, que correspondem na evolução da espécie aos seres que surgiram há milhões de anos atrás (Cailliet, 1988).

Os cinco dígitos se desenvolveram em cada um dos membros, que posteriormente se tornaram móveis; surgiu a clavícula, que serviu de suporte, quando os braços se moviam lateralmente (Rasch; Burke, 1977).

Segundo Erhast (1996), talvez por condições climáticas desfavoráveis, as vegetações altas diminuíram e desenvolveu-se a vegetação rasteira, e esses macacos tiveram de competir com animais quadrúpedes, rápidos e adaptados por milhões de anos à tarefa de caçar e comer carne. Outra vez sob a pressão da seleção natural, nossos ancestrais tiveram que adotar uma postura mais ereta, para continuar apanhando a alimentação vegetariana nas árvores e melhor se defender, para caçar, para comer e digerir a carne.
A adoção da postura ereta esteve associada à libertação dos membros superiores da locomoção para a fabricação de objetos e instrumentos de caça, além de aumentar o campo de visão (Knoplich, 2003).

Devido a necessidade de apreensão dos galhos para se alimentar, o polegar ficou  afastados dos outros dedos, o mesmo ocorrendo com os pés. A medida que o homem foi deixando as árvores e passando a andar no chão, o grande artelho dos pés foi perdendo essa função de apreensão e passou a colaborar no equilíbrio do corpo e, na evolução de milhões de anos, veios para frente como os outros dedos, como atualmente (Knoplich, 2003).
Quando o homem ficou apoiado sobre os dois pés, a função da pélvis ficou mais complexa, porque teve que sustentar todo o peso do corpo. De início houve a necessidade de aumentar a eficiência do assoalho pélvico. O glúteo maior se deslocou para trás da articulação do quadril para se tornar extensor, tornando-se assim possível a posição ereta e o andar (Rasch; Burke, 1977).

Uma grande adaptação muscular ocorreu na região lombar para manter a posição ereta. Os músculos que ligam a coluna lombar com o fêmur, iliopsoas, permaneciam encurtados para manter a flexão do quadril na posição quadrúpede. Estes tiveram que se estender para a manutenção da posição bípede. O mesmo ocorreu com os isquiotibiais. Tiveram que agir para manter o tronco para trás, ereto, pois vivia flexionado para frente (Cailliet, 1988).
Os paravertebrais se tornaram um importante músculo antigravitacional, assim como glúteo máximo, tríceps sural, tibial anterior, quadríceps, iliopsoas, abdominais e flexores do pescoço (Kapandji, 2000).

Portanto o homem adquiriu uma postura bípede, mudando o centro da gravidade, e dependendo das estruturas musculares para se manter nessa posição e conseguir se movimentar. Para isso as estruturas devem estar equilibradas.
 

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