domingo, 7 de dezembro de 2014

Aplicação de water pilates no tratamento da espondilite anquilosante

A entidade clínica espondilite anquilosante (doença de Marie-Strumpell, doença de Bechterew, pelviespondilite ossificante, espondilite reumatóide) é uma forma de espondilite crônica soro negativa caracterizada por comprometimento progressivo das articulações sacro-ilíacas e vertebrais com eventual ossificação nessas articulações e ao seu redor denominada anquilose (SALTER, 2001).
 
Até a década passada, a EA era considerada uma doença reumatóide incomum com ocorrência predominante em homens jovens (SCOLA et al, 2003). Sabe-se atualmente que, quando formas menos graves da doença são reconhecidas e incluídas, a espondilite anquilosante é quase tão comum quanto à artrite reumatóide e também que as mulheres jovens são afetadas quase tão freqüentemente quanto homens jovens (SALTER, 2001). 
 
Embora se desconheça a causa precisa, a importância de um fator predisponente genético tem sido enfatizada pela descoberta de que 96% de caucasianos que sofrem de EA são portadores do antígeno tissular herdado HLA-B27, que serve como um marcador genético. Esse antígeno particular é encontrado em 05% a 15% de todos os caucasianos; dentre os portadores do antígeno, apenas 20% desenvolvem a EA (DOUGADOS, 2005).
 
Em contraste com a artrite reumatóide que ataca a membrana sinovial, a espondilite anquilosante acomete o sítio de inserção dos tendões, fáscia e cápsulas fibrosas articulares (SALTER, 2001). O processo patológico é uma fibrose progressiva e ossificação nessas partes moles peri-articulares; esse processo chamado de entesopatia eventualmente conduz à anquilose óssea de toda a articulação (WILFRED, 2005).
 
Algumas das manifestações da EA são complicações cardiovasculares ocorrem em até 10% dos pacientes com clínica maior que 30 anos, sendo a proliferação fibrosa da íntima da aorta e das valvas a causa da aortite e insuficiência aórtica, ocasionalmente pode ocorrer valvopatia mitral. As fibras de Purkinje podem ser comprometidas levando a um defeito da condução (SHINJO, 2007). 
 
Outras manifestações extras – articulares podem aparecer como uveíte anterior aguda, também conhecida como irite aguda ou iridociclite, os sintomas como lacrimejamento, fotofobia, e borramento da visão; envolvimento cardiovascular é raro, atingindo de 3 a 10% da população entre os 15 e 30 anos da doença, mas quando presente, pode se manifestar por insuficiência aórtica, aortite ascendente, insuficiência vascular, cardiomegalia, pericardite e distúrbios do sistema de condução; lesão do parênquima pulmonar, ocorre em cerca de 1,3% dos pacientes. 
 
Em geral 20 anos depois do início da doença; comprometimento neurológico, como síndrome da cauda eqüina tende a sobrevir nas fases tardias da doença; manifestações renais como depósito de amilóide é uma complicação ocasional, parece estar presente em 10% dos pacientes; lesões de mucosa entérica silenciosas ou assintomáticas no terço terminal do íleo ou cólon, foram detectadas por ileocolonoscopia em 30 a 60% dos pacientes com EA (YOSHINARI & BONFÁ, 2000).
 
Articulações periféricas podem ser caracterizadas pela presença de oligoartrite que predominam nas articulações dos membros inferiores como tornozelo, joelho e coxofemurais e nos membros superiores nas junções esternoclavicular e costocondrais assim causam as limitações na expansibilidade torácica. As entesopatias são manifestações iniciais e acometem calcâneo e a fáscia plantar (OLIVEIRA, 2007).
 
O exame radiográfico nos estágios iniciais revela estreitamento do espaço cartilaginoso sacro ilíaco e esclerose subcondral; uma cintilografia óssea, embora não específica, pode ser positiva mesmo num estágio mais inicial. Mais tarde a ossificação do anel fibroso das sínfises intervertebrais produz a imagem radiográfica clássica de “coluna de bambu” (WEST, 2000).
Com relação às drogas terapêuticas os salicilatos são os mais satisfatórios entre as drogas antiinflamatórias não-esteróides, não são comumente muito eficazes na espondilite anquilosante. Entre muitas NSAIDs avaliadas, a indometacina é corretamente mais apropriada juntamente com infliximabe, embora possam ser substituídas no futuro por outras drogas mais novas (MEIRELLES & KITADAI, 2001).
 
Esses jovens pacientes, previamente saudáveis, precisam ser informados de que menos um terço deles desenvolverá a forma clássica da espondilite anquilosante. Precisam também de apoio psicológico para aceitar a importância de desenvolver hábitos de boa postura e fazer exercícios diários pelo resto de suas vidas (SALTER, 2001).
 
Para que haja a redução dos sintomas e melhora na realização dos exercícios a hidrocinesioterapia juntamente com os princípios físicos da água desempenham importante papel no tratamento dos pacientes com EA.
 
2.1 Hidroterapia
O início do uso da hidroterapia como terapia, é desconhecido. Desde então, essa modalidade vem avançando no que se refere o estudo e vem se tornando bastante popular (RUOTI et al, 2000).
 
Através dos séculos e dos lugares por onde foram realizadas pesquisas, os tratamentos hidroterápicos vêm sendo reconhecidos por suas técnicas que acentuam a atividade aquática como parte integral de todo tratamento físico, visando a reabilitação total do paciente.
 
A hidroterapia é um dos recursos mais antigos da fisioterapia, sendo definida como o uso externo da água com o propósito terapêutico. É um método terapêutico que faz uso da fisioterapia associando aos princípios físicos da água (CAROMANO et al, 2000).
 
Pode-se dizer que a movimentação da água (hidrodinâmica), a torna única e exclusiva no que diz respeito a sua terapêutica. O conhecimento da hidrodinâmica e da hidrostática tornará possível à seleção da posição do paciente, a profundidade da imersão e os equipamentos ideais para os tratamentos com a hidroterapia.
 
2.1.1 Princípios Físicos da Água
 
Cada princípio físico tem a sua resposta específica, que quando associadas às ações mecânicas do terapeuta e a temperatura da água produz um efeito satisfatório e rapidamente sentido pelo paciente, que são:
 
Densidade: A densidade da água é 1,0. Uma pessoa boiará se sua densidade for menor que 1,0, afundará se for maior que 1,0 e ficará logo abaixo da superfície (flutuará) se for igual 1,0 (CANDELORO & SILVA, 2002).
 
Tensão Superficial: É a força de atração das moléculas da água na superfície da piscina. Fator importante quando um membro do corpo humano rompe a superfície da água (CANDELORO & SILVA, 2002).
 
Turbulência: O princípio da turbulência está relacionado com a pressão e a velocidade através de um fluxo corrente. É um termo utilizado para descrever os redemoinhos que acompanham um objeto em movimento na água, sendo que na frente do objeto cria-se uma pressão positiva, que resiste o deslocamento e atrás cria-se uma pressão negativa,que facilita o deslocamento (FIORELLI & ARCA, 2002).
 
Refração: É o fenômeno físico causado quando a luz se propaga em meios com densidades diferentes. Devido a refração enxergamos os objetos submersos distorcidos, aproximadamente, 25% à 30% maiores e mais próximos (CANDELORO & SILVA, 2002).
Viscosidade: A água é um meio líquido mais denso que o ar, e cria resistência nos movimentos devido ao atrito com as moléculas da água em nosso corpo. Princípio importante no trabalho para o fortalecimento da musculatura (CANDELORO & SILVA, 2002).
 
Pressão Hidrostática: A Lei de Pascal estabelece que a pressão do líquido é exercida igualmente sobre todas as áreas da superfície de um corpo e varia    com a profundidade e a densidade do líquido. Com a pressão aumenta com a profundidade, o edema será reduzido mais facilmente se os exercícios forem realizados abaixo da superfície da água. Esse princípio auxilia no desenvolvimento da coordenação dos movimentos, proporcionam melhor suporte e sustentação ao corpo nas posições que requerem mais equilíbrio (BATES & HANSON, 1998).
 
Empuxo: Quando um corpo está completa ou parcialmente imerso em um líquido em repouso sofre uma força para cima igual ao peso do líquido deslocado, denominada empuxo. De acordo com Arquimedes o resultado do efeito do empuxo é a flutuação. A força de flutuabilidade age na direção oposta a da força da gravidade e é responsável pela sensação de ausência de peso na água. (FIORELLI & ARCA, 2002) 
 
Os efeitos terapêuticos da hidroterapia estão relacionados a promover relaxamento muscular; diminuir dor; permitir a execução dos movimentos sem dor, em toda sua amplitude de movimento normal; diminuir as forças compressivas intra-articulares; diminui inflamações crônicas; manter força e resistência muscular; manter a capacidade funcional do sistema locomotor; melhorar a capacidade respiratória; diminuir edemas; permitir melhora do equilíbrio e coordenação; promover socialização do paciente; melhorar a auto-estima do paciente, melhorar a atitude frente a doença; melhorar as atividades de vida diária (FREITAS JUNIOR, 2005).
 
Já os efeitos fisiológicos na imersão dependem de alguns fatores, como a temperatura da água, profundidade da piscina, tipo e intensidade do exercício, duração da terapia, postura e condição patológica do paciente (FIORELLI & ARCA, 2002).
 
Quanto maior for à profundidade, maior será a pressão hidrostática, ocasionando maior retorno venoso ao coração, esse fato é considerado a base para todas as alterações fisiológicas associadas à imersão no sistema cardiovascular, no sistema renal e hormonal, no sistema nervoso central, sistema respiratório, sistema músculo-esquelético (RUOTI et al, 2000).
 
O ambiente aquático faz com que o paciente relaxe mais, e sinta uma liberdade de movimento, o que ajuda na reabilitação. Os riscos de quedas diminuem e com isso o medo também. O prazer da atividade aquática leva ao indivíduo uma sensação de relaxamento, leveza, liberdade e experimento, tornando as sessões mais agradáveis e proporcionando a interação social (ROQUE, 2007).
 
2.2 Técnica de water pilates
Tudo começou com Joseph Pilates, alemão que viveu entre 1880 e 1967, desenvolveu uma série de exercícios e equipamentos para ajudar os feridos de guerra a recuperarem a mobilidade e a força. Depois, ele emigrou para Nova York e seu método passou a fazer sucesso entre os bailarinos por proporcionar, ao mesmo tempo, tonificação, força e alongamento dos músculos (GONZALEZ, 2006).
 
2.2.1 Benefícios do water pilates
Músculos alongados, estabilidade e força do centro, prevenção de lesões, diminuição do stress e das dores nas costas, melhor postura, aumento do equilíbrio e da coordenação, melhor performance atlética, eficácia na pós-reabilitação, aumento da consciência corporal, melhora na auto-estima.
 
Assim abrange e beneficia obesos, idosos, fibromiálgicos, artríticos, problemas músculo-esquelético e gestantes pré e pós - natal (ARGO, 2006). É contra-indicado no caso de debilidade, hemorragias, taquicardia, tímpano perfurado, enjôos (GONZALEZ, 2006).
Os seguintes princípios do método pilates são a base sobre o qual o water pilates está construído, segundo Carol Argo.
 
 Fonte: Adriana Avante

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