Até a década passada, a EA era considerada uma doença reumatóide
incomum com ocorrência predominante em homens jovens (SCOLA et al,
2003). Sabe-se atualmente que, quando formas menos graves da doença são
reconhecidas e incluídas, a espondilite anquilosante é quase tão comum
quanto à artrite reumatóide e também que as mulheres jovens são afetadas
quase tão freqüentemente quanto homens jovens (SALTER, 2001).
Embora se desconheça a causa precisa, a importância de um fator
predisponente genético tem sido enfatizada pela descoberta de que 96% de
caucasianos que sofrem de EA são portadores do antígeno tissular
herdado HLA-B27, que serve como um marcador genético. Esse antígeno
particular é encontrado em 05% a 15% de todos os caucasianos; dentre os
portadores do antígeno, apenas 20% desenvolvem a EA (DOUGADOS, 2005).
Em contraste com a artrite reumatóide que ataca a membrana
sinovial, a espondilite anquilosante acomete o sítio de inserção dos
tendões, fáscia e cápsulas fibrosas articulares (SALTER, 2001). O
processo patológico é uma fibrose progressiva e ossificação nessas
partes moles peri-articulares; esse processo chamado de entesopatia
eventualmente conduz à anquilose óssea de toda a articulação (WILFRED,
2005).
Algumas das manifestações da EA são complicações cardiovasculares
ocorrem em até 10% dos pacientes com clínica maior que 30 anos, sendo a
proliferação fibrosa da íntima da aorta e das valvas a causa da aortite e
insuficiência aórtica, ocasionalmente pode ocorrer valvopatia mitral.
As fibras de Purkinje podem ser comprometidas levando a um defeito da
condução (SHINJO, 2007).
Outras manifestações extras – articulares podem aparecer como
uveíte anterior aguda, também conhecida como irite aguda ou
iridociclite, os sintomas como lacrimejamento, fotofobia, e borramento
da visão; envolvimento cardiovascular é raro, atingindo de 3 a 10% da
população entre os 15 e 30 anos da doença, mas quando presente, pode se
manifestar por insuficiência aórtica, aortite ascendente, insuficiência
vascular, cardiomegalia, pericardite e distúrbios do sistema de
condução; lesão do parênquima pulmonar, ocorre em cerca de 1,3% dos
pacientes.
Em geral 20 anos depois do início da doença; comprometimento
neurológico, como síndrome da cauda eqüina tende a sobrevir nas fases
tardias da doença; manifestações renais como depósito de amilóide é uma
complicação ocasional, parece estar presente em 10% dos pacientes;
lesões de mucosa entérica silenciosas ou assintomáticas no terço
terminal do íleo ou cólon, foram detectadas por ileocolonoscopia em 30 a
60% dos pacientes com EA (YOSHINARI & BONFÁ, 2000).
Articulações periféricas podem ser caracterizadas pela presença de
oligoartrite que predominam nas articulações dos membros inferiores como
tornozelo, joelho e coxofemurais e nos membros superiores nas junções
esternoclavicular e costocondrais assim causam as limitações na
expansibilidade torácica. As entesopatias são manifestações iniciais e
acometem calcâneo e a fáscia plantar (OLIVEIRA, 2007).
O exame radiográfico nos estágios iniciais revela estreitamento do
espaço cartilaginoso sacro ilíaco e esclerose subcondral; uma
cintilografia óssea, embora não específica, pode ser positiva mesmo num
estágio mais inicial. Mais tarde a ossificação do anel fibroso das
sínfises intervertebrais produz a imagem radiográfica clássica de
“coluna de bambu” (WEST, 2000).
Com relação às drogas terapêuticas os salicilatos são os mais
satisfatórios entre as drogas antiinflamatórias não-esteróides, não são
comumente muito eficazes na espondilite anquilosante. Entre muitas
NSAIDs avaliadas, a indometacina é corretamente mais apropriada
juntamente com infliximabe, embora possam ser substituídas no futuro por
outras drogas mais novas (MEIRELLES & KITADAI, 2001).
Esses jovens pacientes, previamente saudáveis, precisam ser
informados de que menos um terço deles desenvolverá a forma clássica da
espondilite anquilosante. Precisam também de apoio psicológico para
aceitar a importância de desenvolver hábitos de boa postura e fazer
exercícios diários pelo resto de suas vidas (SALTER, 2001).
Para que haja a redução dos sintomas e melhora na realização dos
exercícios a hidrocinesioterapia juntamente com os princípios físicos da
água desempenham importante papel no tratamento dos pacientes com EA.
2.1 Hidroterapia
O início do uso da hidroterapia como terapia, é desconhecido.
Desde então, essa modalidade vem avançando no que se refere o estudo e
vem se tornando bastante popular (RUOTI et al, 2000).
Através dos séculos e dos lugares por onde foram realizadas
pesquisas, os tratamentos hidroterápicos vêm sendo reconhecidos por suas
técnicas que acentuam a atividade aquática como parte integral de todo
tratamento físico, visando a reabilitação total do paciente.
A hidroterapia é um dos recursos mais antigos da
fisioterapia, sendo definida como o uso externo da água com o propósito
terapêutico. É um método terapêutico que faz uso da fisioterapia
associando aos princípios físicos da água (CAROMANO et al, 2000).
Pode-se dizer que a movimentação da água (hidrodinâmica), a torna
única e exclusiva no que diz respeito a sua terapêutica. O conhecimento
da hidrodinâmica e da hidrostática tornará possível à seleção da posição
do paciente, a profundidade da imersão e os equipamentos ideais para os
tratamentos com a hidroterapia.
2.1.1 Princípios Físicos da Água
Cada princípio físico tem a sua resposta específica, que quando
associadas às ações mecânicas do terapeuta e a temperatura da água
produz um efeito satisfatório e rapidamente sentido pelo paciente, que
são:
Densidade: A densidade da água é 1,0. Uma pessoa boiará se
sua densidade for menor que 1,0, afundará se for maior que 1,0 e ficará
logo abaixo da superfície (flutuará) se for igual 1,0 (CANDELORO &
SILVA, 2002).
Tensão Superficial: É a força de atração das moléculas da
água na superfície da piscina. Fator importante quando um membro do
corpo humano rompe a superfície da água (CANDELORO & SILVA, 2002).
Turbulência: O princípio da turbulência está relacionado
com a pressão e a velocidade através de um fluxo corrente. É um termo
utilizado para descrever os redemoinhos que acompanham um objeto em
movimento na água, sendo que na frente do objeto cria-se uma pressão
positiva, que resiste o deslocamento e atrás cria-se uma pressão
negativa,que facilita o deslocamento (FIORELLI & ARCA, 2002).
Refração: É o fenômeno físico causado quando a luz se
propaga em meios com densidades diferentes. Devido a refração enxergamos
os objetos submersos distorcidos, aproximadamente, 25% à 30% maiores e
mais próximos (CANDELORO & SILVA, 2002).
Viscosidade: A água é um meio líquido mais denso que o ar,
e cria resistência nos movimentos devido ao atrito com as moléculas da
água em nosso corpo. Princípio importante no trabalho para o
fortalecimento da musculatura (CANDELORO & SILVA, 2002).
Pressão Hidrostática: A Lei de Pascal estabelece que a
pressão do líquido é exercida igualmente sobre todas as áreas da
superfície de um corpo e varia com a profundidade e a densidade
do líquido. Com a pressão aumenta com a profundidade, o edema será
reduzido mais facilmente se os exercícios forem realizados abaixo da
superfície da água. Esse princípio auxilia no desenvolvimento da
coordenação dos movimentos, proporcionam melhor suporte e sustentação ao
corpo nas posições que requerem mais equilíbrio (BATES & HANSON,
1998).
Empuxo: Quando um corpo está completa ou parcialmente
imerso em um líquido em repouso sofre uma força para cima igual ao peso
do líquido deslocado, denominada empuxo. De acordo com Arquimedes o
resultado do efeito do empuxo é a flutuação. A força de flutuabilidade
age na direção oposta a da força da gravidade e é responsável pela
sensação de ausência de peso na água. (FIORELLI & ARCA, 2002)
Os efeitos terapêuticos da hidroterapia estão relacionados
a promover relaxamento muscular; diminuir dor; permitir a execução dos
movimentos sem dor, em toda sua amplitude de movimento normal; diminuir
as forças compressivas intra-articulares; diminui inflamações crônicas;
manter força e resistência muscular; manter a capacidade funcional do
sistema locomotor; melhorar a capacidade respiratória; diminuir edemas;
permitir melhora do equilíbrio e coordenação; promover socialização do
paciente; melhorar a auto-estima do paciente, melhorar a atitude frente a
doença; melhorar as atividades de vida diária (FREITAS JUNIOR, 2005).
Já os efeitos fisiológicos na imersão dependem de alguns
fatores, como a temperatura da água, profundidade da piscina, tipo e
intensidade do exercício, duração da terapia, postura e condição
patológica do paciente (FIORELLI & ARCA, 2002).
Quanto maior for à profundidade, maior será a pressão hidrostática,
ocasionando maior retorno venoso ao coração, esse fato é considerado a
base para todas as alterações fisiológicas associadas à imersão no
sistema cardiovascular, no sistema renal e hormonal, no sistema nervoso
central, sistema respiratório, sistema músculo-esquelético (RUOTI et al,
2000).
O ambiente aquático faz com que o paciente relaxe mais, e sinta uma
liberdade de movimento, o que ajuda na reabilitação. Os riscos de
quedas diminuem e com isso o medo também. O prazer da atividade aquática
leva ao indivíduo uma sensação de relaxamento, leveza, liberdade e
experimento, tornando as sessões mais agradáveis e proporcionando a
interação social (ROQUE, 2007).
2.2 Técnica de water pilates
Tudo começou com Joseph Pilates, alemão que viveu entre 1880 e
1967, desenvolveu uma série de exercícios e equipamentos para ajudar os
feridos de guerra a recuperarem a mobilidade e a força. Depois, ele
emigrou para Nova York e seu método passou a fazer sucesso entre os
bailarinos por proporcionar, ao mesmo tempo, tonificação, força e
alongamento dos músculos (GONZALEZ, 2006).
2.2.1 Benefícios do water pilates
Músculos alongados, estabilidade e força do centro, prevenção de
lesões, diminuição do stress e das dores nas costas, melhor postura,
aumento do equilíbrio e da coordenação, melhor performance atlética,
eficácia na pós-reabilitação, aumento da consciência corporal, melhora
na auto-estima.
Assim abrange e beneficia obesos, idosos, fibromiálgicos,
artríticos, problemas músculo-esquelético e gestantes pré e pós - natal
(ARGO, 2006). É contra-indicado no caso de debilidade, hemorragias,
taquicardia, tímpano perfurado, enjôos (GONZALEZ, 2006).
Os seguintes princípios do método pilates são a base sobre o qual o water pilates está construído, segundo Carol Argo.
Fonte: Adriana Avante
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