sexta-feira, 11 de julho de 2014

Lombalgia



A coluna é a estrutura que sustenta o homem, bípede e ereto, permite sustentação estática e a funcionalidade dinâmica. 

É formada por 33 vértebras sendo 7 Cervicais, 12 Torácicas, 5 Lombares, 5 Sacrais e 4 Coccígenas. A coluna é estabilizada por estruturas como Ligamentos, Músculos, e Nervos e estas estruturas têm que estar em completo BALANÇO, para estarem estáveis, ou seja, têm que estar em completo sincronismo para evitar sua desestabilização. 

A dorsalgia (dor nas costas) afeta 70% a 80% da população em alguma época da vida, sendo a causa mais comum de atividade limitada em pessoas com 45 anos de idade, quando analisamos os dados de atletas jovens, esta porcentagem sobe para 85%.
A dorsalgia mais comum é a nível lombar – Lombalgia - (62% dos acometimentos), sendo os níveis vertebrais L4-L5 e L5-S1 os mais acometidos. A dorsalgia é auto-limitante, com 44% das pessoas, melhorando em uma semana, 86% em um mês e 92% em dois meses.
Exames radiográficos evidenciaram maior freqüência de anormalidades vertebrais em lutadores (55%), ginastas (42%) e nadadores (15,8%). As causas vocês irão descobrir mais abaixo. 

Em lutadores em especial, a alta carga de treinamentos, as constantes quedas e o grande trabalho usando forças isométricas, as grandes amplitudes de movimentos ( em especial em flexão do tronco ), o grande suporte de peso nas costas, fatores que sobrecarregam e muito a musculatura das costas, em especial da região lombar, que é a região responsável pela flexão do tronco.

A dor pode acometer qualquer estrutura da coluna, mas as mais acometidas são os músculos e ligamentos.

A dor pode ser classificada de duas maneiras:


1) Dor química:
É sempre constante, não é afetada por movimentos ou posições.
Devido à irritação química dos nocioceptores ( estruturas sensíveis a dor ) provocada por inflamação ou infecção.
Possui como sinais clássicos: dor, calor, rubor ( vermelhidão ), edema ( inchaço ), perda da função.


2) Dor mecânica:
É intermitente ou constante, pode ser afetada por posição ou movimento.
Dor mecânica constante necessita de deformação mecânica constante.
Devido às forças mecânicas que tencionam, deformam ou lesionam o tecido.
Pode causar dor sem causar lesão ou ser patológica.
Com isto podemos perceber que a dor que mais acomete os atletas, em especial os lutadores são as dores mecânicas, pois os movimentos estressam as estruturas, causando uma instabilidade entre os tecidos.
A lombalgia pode ser dividida em 2, aguda ou crônica de acordo com sua causa:

CAUSAS MUSCULARES
1) Estiramentos agudos (lombalgia aguda):
Trauma
Atividade não habitual
Maneira incorreta para se levantar
Posições inadequadas para trabalhar
Tônus muscular ruim
Síndrome miofascial:

A dor é localizada em áreas circunscritas de músculo ou grupos musculares e estão presentes os pontos gatilhos ( próxima coluna ). Pontos gatilhos são nódulos hiper-irritáveis em um músculo ou fáscia, que resultam do trauma repetido do local que, muitas vezes, são insignificantes. A compressão do ponto provoca dor intensa, com área de dor referida, típica daquele músculo e que não está localizado na área de intervenção do músculo.

2) Estiramento crônico:
Obesidade:
O excesso de peso produz maior pressão sobre os discos intervertebrais, as raízes nervosas, as articulações e os ligamentos, causando dor. Outro fator importante que contribui para lombalgia no paciente obeso é a flacidez e a distensão da parede abdominal que impede um suporte adequado para a coluna. ( Abdominal Fraco ).
Flacidez geral
Doença
Postura ruim


DOR DE ORIGEM MECÂNICA
1) Distensão ligamentar:
Pode ser aguda ou crônica.
Causa similar a dor de coluna miogênica ( muscular )
Fraqueza ou fadiga dos músculos resultará em stress excessivo aplicado sobre os ligamentos levando a lesão desses.


2) Doença do disco:
Aqui entra toda as patologias que podem acometer as vértebras, a mais comum é á Hérnia Discal ( hérnia de disco ) que leva a um extravasamento do líquido que fica dentro do disco e causa um pinçamento de raízes nervosas, causando as dores irradiadas para o membro inferior.


DOR DE ORIGEM PSICOSSOMÁTICA

1) Depressão e ansiedade
2) Histeria
3) Fingimento
Esta causa de dor é muito comum nas clínicas de reabilitação esportivas, falaremos mais sobre os fatores psicológicos da dor em outra ocasião.


Tratamento:
É importantes sempre manter um bom alongamento da musculatura posterior do corpo ( Quadrado Lombar, Paravertebrais, Grande Dorsal, Trapézios, abdominais, Isquiotibiais ) além de sempre manter a musculatura bem trabalhada e com boa tonicidade.


Tratamento clínico:
Repouso
O repouso absoluto é contra-indicado, porém o relativo (de 2 a 4 dias) com orientação postural promove melhora na dor e conforto ao paciente.
Os pacientes são orientados a não carregar peso e evitar subir e descer escadas, pois esses exercícios promovem injúria e dor lombar. Porém, o retorno às suas atividades de vida diárias deve estimulado gradualmente.


Medicamentos
Podem ser ministrados várias drogas com o objetivo de analgesia e diminuição da inflamação, porém elas só poderão ser prescritas por médico e para utilização por curto período devido aos seus efeitos colaterais específicos.
Algumas drogas utilizadas são: 


Analgésicos comuns (não narcóticos)
Ex.: Paracetamol, Dipirona
Antiinflamatórios não hormonais (AINH)
Têm boa eficácia devido a seu efeito antinflamatório e analgésico.
Ex.: Diclofenaco sódico, Piroxicam, Viox

Relaxantes musculares 


São eficazes nas crises de contratura muscular, porém sua eficácia na lombalgia é controvertida, sendo, portanto pouco utilizado.


Analgésicos narcóticos
São utilizados quando a dor não é controlada pelos métodos convencionais. Seu uso crônico deve ser evitado, pois pode causar dependência química, particularmente em indivíduos com outros vícios, em particular o etilismo.


Ex.: Codeína, Fentanil, Derivados da morfina

Corticosteróides 


Não são utilizados na crise aguda de lombalgia. Podem ser indicados na compressão radicular, com o objetivo de reduzir o processo inflamatório periradicular.

Antidepressivos tricíclicos
São utilizados principalmente em pacientes depressivos e com manifestações clínicas de fibromialgia.


Ex.: Amitriptilina, Nortriptilina


Tratamento fisioterápico:
Os dois métodos mais comuns para tratar lombalgia são os métodos propostos por Willians e por Mckenzie.


Willians recomenda a realização de exercícios e a obediência aos princípios posturais que servem para reduzir ao mínimo a lordose lombar tendo introduzido um conjunto de exercícios denominados exercícios de flexão de Willians.


Tratamento Preventivo:
Alongamentos da Musculatura Posterior do Tronco
Reforço Muscular
Boa postura ao sentar
Carregar objetos corretamente
Não ficar por mais de 2 horas de pé sem sentar. 


Exercícios de Willians:
Flexão bilateral das pernas:
Paciente deitado em decúbito dorsal ( barriga para cima ) realiza flexão bilateral de quadril e joelhos (abraçar os joelhos) e sustenta a posição por 20 segundos.


Flexão alternada das pernas:
Paciente em decúbito dorsal ( barriga para cima ) realiza flexão de quadril e joelhos alternadamente (abraça uma perna de cada vez) por 20 vezes consecutivas.


Exercícios de Mackenzie
O exercício de Mackenzie deve ser feito com acompanhamento fisioterápico, pela sua complexidade.


Estabilização e pilates
Duas técnicas muito utilizadas e que têm se mostrado muito eficazes hoje em dia no tratamento e e profilaxia são as técnicas de estabilização ( realizada por fisioterapeutas) e de pilates ( hoje bem difundida inclusive dentro de academias ). Vale a pena ir atrás destas técnicas.


Fonte:Carlos Augusto

domingo, 6 de julho de 2014

Bandagem para esporão de calcâneo e fasceite plantar





A dor no calcanhar é uma queixa relativamente comum na população geral, e mais comum ainda nos consultórios de fisioterapia. A fasceite plantar é uma síndrome degenerativa da fáscia plantar geralmente resultante de micro traumatismos de repetição na sua inserção.
A etiologia aparentemente é multifatorial, sendo o componente mecânico frequentemente relacionado à origem dos sintomas. Acredita-se que as forças de tração durante a fase de apoio na marcha levam ao processo inflamatório, consequente periostite de baixo grau resultando em calcificação periosteal ou a formação do esporão. No entanto, a fasceite plantar pode também estar associada a doenças sistêmicas, principalmente as de origem inflamatória.
O pé plano valgo pode favorecer o aparecimento da fasceíte plantar, pois aumenta a solicitação mecânica nessa estrutura. Porém, o pé cavo aumenta a pressão na tuberosidade inferior do calcâneo, podendo também favorecer esta ocorrência.

Aproximadamente 50% dos paciente com diagnóstico de fasceite plantar tem também esporão de calcâneo.
[DeMaio M, Paine R, Mangaine RE, Drez D Jr. Plantar fasceites. Orthopedics 1993;16:1153-1163]



pé varo 
O termo bandagem funcional refere-se à aplicação de algum tipo de fita protetora que adere à pele de determinada articulação. A bandagem quando aplicada corretamente, proporciona proteção e compressão. Neste post, irei ensinar a fazer uma bandagem extremamente simples que ajuda e muito no alívio dos sintomas causados por uma fasceite plantar/esporão de calcâneo.

O que vamos precisar:
#1- Um rolo de esparadrapo impermeável Cremer (não ganho jabá da cremer, acontece que as outras marcas tem uma cola muito da vagabunda) pode ser branco ou cor de pele, tanto faz.
#2- Um rolo de esparadrapo antialérgico da mesma marca.
#3- Em alguns casos um barbeador pode ser útil.
OBS: quem tiver rolo de tape gringo específico para bandagem funcional pode usar também ;P

Muito bem, antes de iniciar a bandagem sugiro avaliar alguns movimentos do paciente que reproduzam a queixa ou que causem dores no tornozelo. Desta forma você terá um parâmetro de comparação antes/depois da bandagem e assim saber se o procedimento foi bem sucedido. Eu aconselho alguns movimentos bem simpes como andar na ponta dos dedos ou sobre os calcanhares e em casos um pouco mais leves saltar e aterrisar sobre os calcanhares (somente nos casos leves onde é difícil reproduzir a dor do paciente!!!!!!!!!)

Importante:
Esta bandagem é um recurso para alívio da dor, e deve ser sempre utilizada em conjunto com o atendimento de fisioterapia e nunca em substituição a este!

INDICAÇÕES DA BANDAGEM:
=> Dor no aspecto medial ou lateral do tendão de Aquiles, dor na planta do pé. Principalmente em casos de dor mais intensa quando a aplicação do método Mulligan tenha gerado alívio dos sintomas

FUNÇÃO
=> Pacientes com é varo ou valgo causam um desvio no tendão de aquiles, fazendo com que ele tenha um aspecto encurvado, e portanto, mais vulnerável à lesões.
A bandagem reduz a sobrecarga mecânica sobre o aspecto medial ou lateral do tendão (depende se o pé é varo ou valgo), alterando a transmissão das forças de tensão sobre o tendão.

POSIÇÃO DO PACIENTE
=> em prono, com os pés relaxados para fora da maca.

APLICAÇÃO (como exemplo usaremos um paciente com pé varo)
1-Aplique o esparadrapo antialérgico (uma tira de mais ou menos 3 dedos de largura e 15 cm de comprimento) no aspecto lateral do tendão e tracione-o medialmente.
2-Ajude com seu dedo, desviando ainda mais o tendão medialmente de forma a tentar posicioná-lo em uma posição neutra, corrigindo a convexidade.
3-Após aplicar esta primeira tira, aplique sobre ela uma segunda tira agora utilizando o espoaradrapo impermeável, repetindo o mesmo porcedimento do item "2".

CHEQUE A FUNÇÃO
Lembra daqueles testes que eu pedi pra você fazer com seu paciente? Pois bem, hora de repetí-los. Se a bandagem foi aplicada corretamente o paciente deverá sentir alívio dos sintomas, algumas vezes alívio total, mas fique contente com uma melhora de 50%.

CONTRA INDICAÇÕES
Se o esparadrapo aumentar a dor retire-o imediatamente.
O esparadrapo deve ser retirado em 48hs (normalmente ele sai antes disso) ou a qualquer sinal de irritação da pele (alergia)

DICA
Por ser um procedimento extremamente fácil, é útil treinar alguém da família do paciente para que seja feita bandagem em sua própria casa.


Fonte: Humberto Campos