Introdução
A técnica de Jones vem sendo amplamente difundidas no Brasil desde o inicio
da década de 90, mas parece que ainda é restrita aos fisioterapeutas que
trabalham com osteopatia.
É uma técnica extremamente
eficaz, e acessível para qualquer um que tenha vontade de trabalhar com
terapias manuais.
Por esse motivo decidimos
escrever esse manual, para informar, e difundir a técnica, aumentando assim o
conhecimento geral dos fisioterapeutas.
O que é a técnica
A técnica de Jones é uma
técnica funcional, de aplicação muito suave inventada pelo osteopata Lawrence
H. Jones que a chamou de COUNTERSTRAIN, e nós brasileiros, por motivos óbvios
preferimos chamá-la de técnica de Jones.
Ele mesmo definiu a técnica
como sendo ”uma manobra posicional passiva que situa o corpo em uma posição de
máximo bem estar, suprimindo assim a dor, ao anular a atividade dos
proprioceptores responsáveis pela disfunção”.
É um ótimo recurso para o
tratamento de disfunções somáticas e consiste em uma técnica suave sem risco
para o paciente, sem contra-indicações.
Apesar de anterior (1964)
parece que Jones apoiou-se na afirmação do fisiologista Irwin M. Korr, que em
1975 disse: “que para um fisiologista parece muito mais razoável que a
limitação e a resistência de movimento articular característicos de uma lesão osteopática,
não se originam no interior da articulação, e sim, são impostas por um ou
vários músculos”.
Em sua época, Jones não tinha
acesso a maioria das informações fisiológicas que temos hoje. Ele tinha o
embasamento da época que dizia que as lesões osteopáticas tinham origem
traumática, e que estas causavam as subluxações.
Com as manipulações
clássicas, era possível se tratar grande parte dos problemas que apareciam, e
vez ou outra se esbarrava em problemas mais resistentes.
Conta a historia dos
osteopatas que certa vez Jones tratou um paciente, acometido de lombalgia sua
dor evoluiu por vários meses. Na tentativa de auxiliar o paciente a dormir,
Jones procurou uma posição que desse conforto ao seu paciente. Após encontrarem
a posição de conforto, o paciente descansou por cerca de 20 minutos e para a
surpresa dos dois ele havia melhorado da lombalgia ao levantar.
Surpreendentemente ficar em
uma posição confortável por 20 minutos foi mais eficiente que quatro meses de
tratamento! E mais, os resultados foram douradores!
A partir de então Jones
tentou usar o mesmo método para tratamento de outras patologias, desenvolvendo
assim sua técnica.
Pouco a pouco descobriu que
podia reduzir o tempo de tratamento, de 20 minutos para apenas 1 minuto e meio.
Observou que o retorno a posição inicial deveria ser lento, de preferência
passivo. E por ultimo descobriu o a existência dos tender points.
Definiu sua técnica como
sendo o alivio de uma dor articular da coluna ou dor periférica obtida graças a
colocação passiva da articulação em sua posição de máximo bem estar. E nomeou
sua técnica de Spontaneus Releas By Positining, mais tarde utilizou o termo
Strain-countertrain, mais tarde no uso corriqueiro a técnica ficou sendo
chamanda simplesmente de Countertrain.
Aplicação da técnica
Para a aplicação da técnica
devemos considerar os três planos do espaço, frontal, sagital e transversal,
que são os planos por onde serão movimentados os seguimentos em disfunção.
Greenman considera que a
técnica apresenta duas características principais, sendo a primeira a
identificação e a monitoração do tender point e a segunda a colocação do
paciente em uma posição mais confortável, a que ele apresenta menos dor.
O terapeuta localiza o ponto
de dor através da palpação. Move lentamente o paciente até a posição de
conforto e mantém a posição por 90 segundos, e então o paciente é reconduzido
passivamente para uma postura normal.
Durante o período de 90
segundos, o terapeuta pressiona várias vezes o ponto de dor a fim de investigar
a diminuição da sensibilidade dolorosa através das respostas do paciente, ou
simplesmente o mantém pressionado por todo o período.
Não deve haver aumento da dor em nenhuma parte do corpo durante o processo de
tratamento.
O resultado final desse
posicionamento é a redução da hiperatividade das estruturas neurais e a
recomposição dessas estruturas para se alcançar, de modo indolor, um comprimento
de repouso do músculo mais normal e proporcionar um aumento da circulação
local, ou seja, ocorre uma normalização da atividade gama ou uma diminuição do
reflexo miotático.
Resumindo a prática
1- localização do ponto de dor
2- pressão sobre o ponto com o dedo
3- encontrar a posição de conforto
4- manter a posição de conforto por 90 segundos
5- retorno passivo para posição inicial
Fisiologia
Irwin Korr foi quem descreveu
pela primeira vez a fisiologia das disfunções somáticas. Sabendo da interferência
do circuito reflexo gama, ele nos expôs de que forma uma disfunção pode trazer
alterações no sistema músculo esquelético, vísceras, vasos sanguíneos, e
pele.
Desta forma compreendemos
como uma alteração muscular, com o surgimento de um ponto gatilho, pode trazer
alterações reflexas em todos os sistemas descritos anteriormente.
Além dos trabalhos de Korr, a
técnica de Jones pode se fundamentar nos trabalhos de Chapman, quem descreveu
os pontos reflexos neuromusculares, chamados de tender points, que em sua
fisiologia, não diferem muito dos trigger points descritos posteriormente por
Travell.
A grande diferença esta na
localização e função reflexa desses pontos. Segundo Jones os tender points
diferem-se dos trigger pelas suas funções reflexas, localização, além do que
Jones relaciona os tender points com as lesões primarias, enquanto os trigger têm
um caráter secundário, como sendo conseqüência da existência do primeiro.
Trigger Point (Ponto Gatilho)
Travell e Simons localizaram
todos os pontos gatilhos (PG) e seus respectivos trajetos álgicos. Segundo
eles, a síndrome dolorosa miofascial é caracterizada por sintomas sensoriais,
motores e autonômicos ocasionados pelos PG, sendo que este é uma zona
hiper-irritável em um músculo associada com um nódulo palpável hiper-sensível
localizado em uma banda tensa.
O PG é o foco de irritação no
músculo, e quando comprimido é sensível no local e apresenta dor referida, nas
suas proximidades ou à distância.
Os PGs podem localizar-se
sobre ligamentos, periósteo, tendões e ventres musculares, sendo esta última a
sua localização mais comum e mais descrita. Para Chaitow esse ponto é uma
estrutura palpável, sensível e localizada no interior dos tecidos moles, que está
enviando impulsos neurológicos anômalos e nocivos para um local distante e que,
sobre pressão, envia sintomas para essa área-alvo previsível.
Ainda não há consenso sobre o
fenômeno dos PGs, mas sua existência clínica é inquestionável. A fisiopatologia
estaria relacionada com a hipótese da crise energética, ou seja, ocorre uma
traumática liberação de cálcio do retículo sarcocoplasmático, que combinado com
ATP ativa o deslizamento da actina e miosina no sarcômero. Então se há excesso
de cálcio intracelular, os complexos actina miosina ficam continuamente
ativados, resultando em uma contratura muscular ou uma banda muscular tensa e
ainda um alto consumo energético. Neste caso, a contração muscular está
ocorrendo sem atividade elétrica, ou seja, sem um impulso neurológico, portanto
não é possível que o indivíduo relaxe espontaneamente.
Segundo Travell e Simons, a
distribuição da dor referida de um PG raramente coincide de forma completa com
a distribuição de um nervo periférico ou com um dermátomo e intensidade e a
extensão da dor referida depende do grau de irritabilidade do músculo e não do
seu tamanho.
Quanto à incidência, acomete
igualmente homens e mulheres e todas as faixas etárias inclusive crianças,
embora haja um pico de incidência dos 30 aos 60 anos.
As etiologias mais comuns são
estresse: anormal no músculo, pessoas com uma má postura, posturas estáticas
por tempo prolongado, infecções crônicas, radiculopatia, problemas viscerais,
hipotireoidismo, hipoglicemia, depressão, insônia, deficiência alimentar e
trauma direto no músculo.
Quanto ao diagnóstico,
deve ser feito através de palpação da área tensa e do ponto, história,
avaliação postural e avaliação funcional dos movimentos.
Os sinais e sintomas são: dor
referida, diminuição da mobilidade, aumento da sensibilidade ao alongamento,
fraqueza muscular devido a dor e fenômenos automáticos como suor anormal,
salivação em excesso, coriza e lacrimação persistente, fraqueza.
Um PG pode estar latente ou
ativo, sendo que um ponto latente pode se tornar um ponto ativo, porém o
inverso nem sempre é verdadeiro. É ativo quando movimentos ou posturas
fisiológicas normais causam dor. E é latente quando necessitam de certa
estimulação mecânica para produzir dor.
Pontos satélites podem
desenvolver-se em músculos que se situam no interior da região em que o
paciente sente a dor, ou seja, na região do padrão de dor referida, e se
tratados e o PG de origem for ignorado, de nada servira o tratamento.
Tender Point
Jones optou em usar o termo
tender point (TP) em seus trabalhos, pois pensava que estes eram a manifestação
da disfunção somática, e sua dor manifesta apenas localmente, sem irradiações
causadas pelos PGs.
Acreditamos que a fisiologia
dos TPs é a mesma dos PGs, pois ambos respondem muito bem ao tratamento com a
Técnica de Jones, mas se diferem em sua relação com dores referidas (pois os TP
não apresenta) e no aspecto de tratamento reflexo. Os TPs quando tratados
apresenta as mesmas características de quando tratamos uma disfunção somática.
Ele os TPs como sendo
“pequenas áreas em tensão, sensíveis, com aspecto edematoso, na superfície de
músculos e fáscias, com aproximadamente 1 cm de diâmetro.” Eles se encontram
normalmente perto de inserções de ligamentos e no ventre de alguns músculos.
Para se diagnosticar um TP
deve fazer uma pressão pontual de 100 gramas sobre o ponto, que apresentará
uma.
Leitura Recomendada
ALVAREZ, D. J. e ROCKWELL, P.
G. Trigger points: diagnosis and management. Fam Physician. 65 (4): 653-660
2002.
CHAITOW, L. Técnicas de Palpação. São Paulo: Manole, 2001.
CHAITOW. Técnicas Neuromusculares Posicionais de Alívio da Dor. São Paulo:
Manole, 2001.
CHAVES, E. W. S.; SABANI, F. e KOBAYASHI, O. Y. Análise do limiar de dor em ponto
gatilho do músculo trapézio superior através do algômetro de pressão.
Monografia. Universidade de Taubaté: São Paulo, 2002.
GREENMAN, P. E. Princípios da Medicina Manual. São Paulo: Manole, 2001.
MASCARENHAS, MARIANA B.; MASCARENHAS, FELIPE R. A Técnica de Jones no Trtamento
do pontogatilho da dor em nadadores. Fisio magazine Londrina v.2,n.5 p.22-25
2005
MENNELL, F. Pontos-gatilho na Dor Espinhal Referida. In G. P. GRIEVE. Modernas
Terapias Manual da Coluna Vertebral. São Paulo: Panamericana, 1994.
TRAVELL, J. G. e SIMONS, D. G. Dolor y disfunción miofascial. Madrid:
Panamericana, 2001.
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Copyright © 2009 todos os direitos reservados para Felipe Ribeiro Mascarenhas
Felipe R. Mascarenhas
Mariana B. Mascarenhas Manual Pratico – Técnica de JonesTécnica Sacro Occipital
de DeJarnette
O Dr. Major Bertrand DeJarnette (1899-1992), Osteopata e Quiroprático, criou
seu método que denominou de técnica sacro occipital (S.O.T.), como uma forma
científica, clara e eficaz de tratamento.
Baseado nos conceitos de
biomecânica, pulsos cranianos, e movimento do líquido cefalorraquidiano,
desenvolveu inúmeras pesquisas científicas que embasaram seu método.
Com uma avaliação muito
específica, classifica seus pacientes em 3 categorias distintas, e utiliza o
“bloking” , colocação de cunhas sob a pelve, para alinhar a pelve permitindo
que o corpo busque um alinhamento mais correto, tratando assim os mais diversos
sintomas. Além disso, utiliza a Técnica Reflexa Manipulativa Quiroprática
(C.M.R.T.), uma técnica de manipulação de pontos reflexos que auxilia e
complementa o tratamento.
O técnica sacro occipital não
é simplesmente uma técnica complementar de tratamento, e sim uma metodologia
completa de avaliação e tratamento científico e independente que visa suprimir
a causa do mal funcionamento do organismo, em busca da homeostase, utilizando o
mínimo de força.
Fonte: Copyright © 2009 todos
os direitos reservados para Felipe Ribeiro Mascarenhas
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