A experiência de trabalhar com o método pilates nos aguça
alguns questionamentos sobre nossas próprias condutas. Pilates é qualidade de
movimento e não quantidade – é assim que aprendemos. É ensinado aos nossos
alunos todo movimento correto nas primeiras aulas, respeitando os princípios do
método e com ênfase no alinhamento corporal para que o movimento ocorra com
menor gasto energético, postura e qualidade de movimento. “Crescer a coluna,
abaixar os ombros, levantar a cabeça, pés vivos, respirar” tudo ao mesmo tempo
podem gerar no aluno contrações desnecessárias desencadeando tensões musculares
e até mesmo um pequeno grau de estresse mental.
O que fazer então para simplificar o aprendizado, tornando o
aluno apto a realizar os exercícios da melhor maneira?
De acordo com Fitts e Posner que descreveram a teoria de
aprendizagem de uma nova habilidade, este processo pode ser dividido em três
estágios. No primeiro, o indivíduo está envolvido na compreensão do exercício e
desenvolverá estratégias para executá-lo. No segundo estágio, o indivíduo já
selecionou a melhor estratégia e refina a sua habilidade. No terceiro, o
individuo automatiza o movimento não necessitando mais de tanta atenção para ser
efetuado. Neste último estágio a pessoa pode começar a dedicar a sua atenção a
outros aspectos da habilidade em geral.
A partir desta teoria, pode ser estabelecido o seguinte
raciocínio no pilates:
- Alinhar o aluno conforme o manual de boa postura, respeitando as particularidades do mesmo, de forma que este alinhamento não o traga desconfortos. Se o alinhamento ideal gerar tensões, é preferível retroceder em algo.
- Enumere os pontos mais importantes e comece a intervenção por eles. Se, por exemplo, o exercício for para os membros superiores e o aluno não consegue manter o alinhamento dos pés, manteremos o foco nos membros superiores e deixaremos para outro momento o alinhamento dos pés, desde que, o aluno não seja prejudicado. Neste caso, estamos nos referindo a um aluno novo que não consegue fazer tudo ao mesmo tempo.
A partir do momento que o aluno formar o engrama para o exercício dos membros superiores, ele conseguirá unir uma segunda informação.
- Reduzir os graus de liberdade. Quando um indivíduo aprende pela primeira vez uma habilidade, os graus de liberdade do corpo são restritos até tornar mais fácil a sua execução. À medida que o indivíduo domina a tarefa, liberam-se os graus de autonomia da articulação principal permitindo mais eficiência no movimento e na habilidade. Assim também é com o corpo em relação ao espaço. Um exercício no solo sem uso de acessórios ou aparelhos, geralmente é mais fácil de obter controle. À medida que o aluno domina o movimento do seu próprio corpo e adquire consciência deste, é possível aumentar os recursos ampliando os graus de liberdade. A coordenação do movimento é, por exemplo, um dos maiores processos de dominação dos graus de liberdade.
Nas primeiras aulas de pilates o que deve ser levado em consideração é o movimento. Os exercícios devem ser ensinados de forma que o aluno compreenda o que é o Powerhouse, coluna neutra, respiração, o controle e a concentração. O exercício e o alinhamento perfeito são alcançados com a prática, com o grau de comprometimento do aluno e dedicação do professor.
Referencias BibliográficasHelsen, L. The
Pilates Process – Therapeutic Pilates Course
Cook, A.S, Woollacott M.H. – Controle Motor – teorias e aplicações práticas.
Cook, A.S, Woollacott M.H. – Controle Motor – teorias e aplicações práticas.
Fonte: Rebeca Sodré
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