sábado, 9 de fevereiro de 2013

O Pilates e o aprendizado motor

A experiência de trabalhar com o método pilates nos aguça alguns questionamentos sobre nossas próprias condutas. Pilates é qualidade de movimento e não quantidade – é assim que aprendemos. É ensinado aos nossos alunos todo movimento correto nas primeiras aulas, respeitando os princípios do método e com ênfase no alinhamento corporal para que o movimento ocorra com menor gasto energético, postura e qualidade de movimento. “Crescer a coluna, abaixar os ombros, levantar a cabeça, pés vivos, respirar” tudo ao mesmo tempo podem gerar no aluno contrações desnecessárias desencadeando tensões musculares e até mesmo um pequeno grau de estresse mental.

O que fazer então para simplificar o aprendizado, tornando o aluno apto a realizar os exercícios da melhor maneira?

De acordo com Fitts e Posner que descreveram a teoria de aprendizagem de uma nova habilidade, este processo pode ser dividido em três estágios. No primeiro, o indivíduo está envolvido na compreensão do exercício e desenvolverá estratégias para executá-lo. No segundo estágio, o indivíduo já selecionou a melhor estratégia e refina a sua habilidade. No terceiro, o individuo automatiza o movimento não necessitando mais de tanta atenção para ser efetuado. Neste último estágio a pessoa pode começar a dedicar a sua atenção a outros aspectos da habilidade em geral.

A partir desta teoria, pode ser estabelecido o seguinte raciocínio no pilates:

  1. Alinhar o aluno conforme o manual de boa postura, respeitando as particularidades do mesmo, de forma que este alinhamento não o traga desconfortos. Se o alinhamento ideal gerar tensões, é preferível retroceder em algo.
  2. Enumere os pontos mais importantes e comece a intervenção por eles. Se, por exemplo, o exercício for para os membros superiores e o aluno não consegue manter o alinhamento dos pés, manteremos o foco nos membros superiores e deixaremos para outro momento o alinhamento dos pés, desde que, o aluno não seja prejudicado. Neste caso, estamos nos referindo a um aluno novo que não consegue fazer tudo ao mesmo tempo.

A partir do momento que o aluno formar o engrama para o exercício dos membros superiores, ele conseguirá unir uma segunda informação.

  1. Reduzir os graus de liberdade. Quando um indivíduo aprende pela primeira vez uma habilidade, os graus de liberdade do corpo são restritos até tornar mais fácil a sua execução. À medida que o indivíduo domina a tarefa, liberam-se os graus de autonomia da articulação principal permitindo mais eficiência no movimento e na habilidade. Assim também é com o corpo em relação ao espaço. Um exercício no solo sem uso de acessórios ou aparelhos, geralmente é mais fácil de obter controle. À medida que o aluno domina o movimento do seu próprio corpo e adquire consciência deste, é possível aumentar os recursos ampliando os graus de liberdade. A coordenação do movimento é, por exemplo, um dos maiores processos de dominação dos graus de liberdade.

Nas primeiras aulas de pilates o que deve ser levado em consideração é o movimento. Os exercícios devem ser ensinados de forma que o aluno compreenda o que é o Powerhouse, coluna neutra, respiração, o controle e a concentração. O exercício e o alinhamento perfeito são alcançados com a prática, com o grau de comprometimento do aluno e dedicação do professor.

Referencias BibliográficasHelsen, L. The Pilates Process – Therapeutic Pilates Course
Cook, A.S, Woollacott M.H. – Controle Motor – teorias e aplicações práticas.
 
 
 
Fonte: Rebeca Sodré

 

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