Os princípios do método
pilates no solo na lombalgia crônica
The
principles of mat pilates method in chronic low back pain
RESUMO
Os quadros de lombalgia
crônica podem ter relação com fraqueza abdominal
e podem comprometer a
independência funcional e qualidade de
vida do indivíduo.
O Método Pilates® possibilita
vários benefícios ao praticante
através de
exercícios praticados com
poucas repetições, priorizando o
trabalho
constante da musculatura abdominal,podendo ser trabalhado em
aparelhos ou no solo (o chamado Mat
Pilates®). Este estudo, experimental, objetivo analisar os efeitos dos
princípios do Método Pilates® no solo na
lombalgia crônica, buscando
identificar o nível de quadro álgico e levantar a
amplitude do movimento da coluna lombar
pré e pós intervenção,
tendo como amostra um sujeito do gênero feminino
(idade de 47anos), com diagnóstico
clínico de lombalgia crônica. Como
instrumentos para a coleta de dados
foram utilizados a ficha de avaliação
físico-funcional da coluna vertebral (adaptada
de Alexandre e Moraes, 2001), testes para
verificação do
nível de flexibilidade
(HOPPENFELD,1999; MARQUES,2000), o
sinal de
Laségue (BATES, 2005) e o
mapa de desconforto para
diferentes partes do corpo(MORAES, 2002). Com
relação ao quadro álgico, obteve-se redução
da dor na coluna lombar e quadril direito;
quanto à flexibilidade e mobilidade
da coluna vertebral, houve
diminuição da distância no teste finger-floor e no
teste de inclinação lateral à
direita e à esquerda,além de fechamento dos ângulos coxofemoral e tíbio-társico no
pós-teste. Sendo assim, os resultados
sugerem que o Método Pilates® no solo pode
proporcionar efeitos
benéficos em quadros de
lombalgia crônica e que este se apresenta
como mais um recurso fisioterapêutico
disponível para uma intervenção
diferenciada e específica.
Palavras-chaves:
Dor Lombar,
Fisioterapia, Método
Pilates®.
ABSTRACT
The pictures of chronic lomb back pain can have relation with abdominal weakness and can compromise functional independence and quality of life of person.
The Pilates® Method makes possible some benefits to the practitioner through exercises practised with few repetitions,prioritizing the constant work of the abdominal muscle, being able to be worked in devices or the ground (the call Mat Pilates®). This study, almost-experiment,it objectified to analyze the effect of the principles of the Pilates® Method in the ground in the chronic lomb back pain,searching to identify the level of pain picture and to raise the amplitude of movement of the lumbar column daily pay and after-intervention, being had as it shows a citizen of the feminine sort (age of 47 years), with clinical diagnosis of chronic lomb back pain. As instruments for the collection of date they had been used the evaluation fiche physicist-functionary
of the vertebral column (adapted of Alexander and Moraes, 2001), tests for
verification of the level of flexibility (HOPPENFELD, 1999; MARQUES,
2000), the signal of Laségue (BATES,2005) and the map of discomfort for
different parts of the body (MORAES,2002). With regard to the álgico picture,
reduction of pain in the lumbar column andright hip was gotten; how much to theflexibility and mobility of the vertebralcolumn, it had reduction of in the distancein the finger-floor test and the test oflateral inclination to the right and the left,beyond closing of the angles lame personfemoraland tíbio-társico in the after-test.
Being thus, the results suggest that the Pilates® Method in the ground can provide beneficial effect in pictures of chronic lomb back pain and that this if presents as plus an available Physiotherapie resource for a differentiated and specific intervention.
Key-words:
Low back pain;Physiotherapy; Pilates® method.
INTRODUÇÃO
O enfraquecimento da
musculatura abdominal pode causar
danos à saúde do ser humano, e estes danos
podem interferir seriamente nas atividades
de vida diária (AVD’s) de uma pessoa. Uma
musculatura abdominal fraca poderá
facilitar o desenvolvimento de
alterações na coluna vertebral, com consequências como a lombalgia, a qual pode
interferir na biomecânica da coluna
vertebral, que exerce um papel importante nos
movimentos realizado pelo corpo
humano, dando estabilidade e ampliando
os movimentos,muitas vezes comprometendo
a independência funcional do indivíduo e sua qualidade de vida.
Para Andrade, Araújo e
Vilar (2005, p.224), a “dor lombar é uma
das alterações músculo-esqueléticas mais
comum na sociedade, podendo afetar
cerca 70% a 80% de pessoas em algum
momento de suas vida”.
Mendes (1996) conceitua
lombalgia crônica com “a dor
persistente durante três meses, no mínimo, o que
corresponde a 10%dos sujeitos das amostras
acometidos por lombalgia aguda recidivante.
Esse tipo de lombalgia é mais comum em
sujeito da amostras de 45 a 50 anos”.
Os principais fatores responsáveis pela
cronicidade das dores lombares são
problemas psicológicos,baixo nível de
escolaridade, trabalho pesado ou em postura sentada, levantar
grandes quantidades de peso,
sedentarismo, acidentes
de trabalho, dirigir
veículos, horas excessivas de trabalho,
gravidez, ferimentos e tabagismo. Nieman
(1999), em relação à prevalência sexual e
etária, relata que é mais comum a dor lombar em
mulheres que em homens e que esta
patologia acomete geralmente mais indivíduos
na idade produtiva em média dos 25
aos 60 anos.
O músculo que tem como um
dos objetivos principais dar
estabilidade à coluna vertebral é o transverso
abdominal, uma vez que a função dele é de
envolver a coluna vertebral e a cintura
pélvica estabilizando a coluna lombar. Um músculo
transverso abdominal forte garante
uma maior estabilidade a coluna
vertebral, e é neste músculo que está o foco da
atuação do
Método Pilates®.
Os músculos abdominais
participam no suporte da coluna,
funcionando de uma maneira que diminua a
tensão exercida sobre a mesma, sendo que este
suporte dado a ela poderá ser diminuído com o enfraquecimento de tal
musculatura, visto que o fortalecimento dos
músculos abdominais trará mais
estabilidade à coluna vertebral.
O Método Pilates®, segundo
o criador do método - Joseph Pilates
possibilita vários benefícios ao praticante,
desde o aprimoramento da
resistência à fadiga ao alinhamento corporal,
através de exercícios de fortalecimento
praticados com poucas repetições, os quais
exigem muita concentração e atenção.
O referido método prioriza
a o trabalho muscular abdominal para
garantir a boa funcionalidade da coluna
vertebral, entre outras coisas,
viabilizando a independência funcional dos praticantes.
Atualmente, o Método Pilates® vem sendo
utilizado por profissionais
fisioterapeutas com a intenção de reverter quadros de
disfunção da coluna vertebral, inclusive da
região lombar.
Em função da utilização
cada vez mais frequente deste método com
enfoque
terapêutico, mostra-se
interessante identificar sua
repercussão em um quadro álgico bastante prevalente
na sociedade ocidental, a lombalgia
crônica, a fim de garantir maiores
informações aos profissionais fisioterapeutas e à sociedade em geral.
Existem vários estudos
científicos feitos sobre as doenças da
coluna vertebral,mas há certa escassez em
estudos relacionados ao tratamento
da lombalgia crônica. Estudos que falam
sobre o tratamento da lombalgia
crônica acabam optando e utilizando como
tratamento, uma relação de exercícios onde
se utiliza de vários artifícios, poucas
vezes priorizando
um único método de
exercícios como tratamento. Sendo assim,
justifica-se este estudo pela dificuldade de
encontrar materiais científicos
especificamente relacionados ao tratamento
da lombalgia crônica com o uso
exclusivo de um método,mais especificamente,
utilizando os princípios do Método
Pilates® no solo de forma terapêutica, tendo
como objetivo geral
analisar os efeitos dos
princípios do Método Pilates® no solo na
lombalgia crônica e como objetivo especifico
identificar o nível do quadro álgico e
levantar a ADM da coluna lombar da amostra
pré e pós intervenção fisioterapêutica.
MATERIAL
E MÉTODOS
Neste estudo do tipo
quantitativo de intervenção quanto à
abordagem, explicativa quanto ao nível e um
estudo de caso quanto ao procedimento; a amostra
foi constituída por um sujeito do gênero
feminino, com idade de 47 anos e
diagnóstico clínico de lombalgia crônica.Os
critérios de inclusão da
amostra foram: gênero
feminino; idade 45 a 50 anos; diagnóstico
clínico de lombalgia crônica; disponibilidade
de tempo para o tratamento em estudo;
ausência de tratamentos associados e
ser residente em Tubarão ou região.
Para a coleta de dados
desta pesquisa foram utilizados os
seguintes instrumentos:
ficha de avaliação
adaptada de Alexandre e Moraes (2001), na qual
constam os itens identificação, história de
saúde, sinais e sintomas específicos,
exame físico específico e testes
especiais - teste dedo médio x chão/ “finger-floor”(HOPPENFELD, 1999), teste
de inclinação lateral do tronco
(HOPPENFELD, 1999),teste de retração da
cadeia muscular posterior (MARQUES,2000) e
sinal de Laségue (BATES, 2005);
Escala de desconforto para
diferentes partes do corpo (MORAES, 2002); tatame;
bola terapêutica da marca Gynic-Line® de 40
cm de diâmetro; cunha e rolo
pequeno com circunferência de 68 cm.
Inicialmente, foi
realizada uma triagem na lista de espera da
Clínica-Escola de Fisioterapia, da UNISUL,
campus Tubarão-SC, em busca de adultos do
gênero feminino encaminhadas à intervenção
fisioterapêutica com diagnóstico clínico de
lombalgia.
Simultaneamente, houve o
recebimento do parecer do Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade do Sul de
Santa Catarina (CEP/UNISUL), código
0.6.168.4.08.III,aprovando a realização o
estudo. A partir da identificação dos casos,
os sujeitos foram contactados via telefone,
oportunidade na qual foram questionados a
respeito dos critérios de inclusão. O
sujeito que se
enquadrou em todos os
critérios foi convidado a comparecer à
Clínica-Escola de Fisioterapia da UNISUL, no
dia 18/08/2006,para a realização da
avaliação fisioterapêutica. O mesmo
foi orientado a comparecer com roupa
adequada para a realização da referida
avaliação e somente foi avaliado após a
assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE).
A avaliação
fisioterápica iniciou com a aplicação da ficha
de avaliação físico funcional da coluna vertebral, com a
qual foram levantados os dados
pessoais, história de saúde (aspectos
posturais e ergonômicos),sinais e sintomas
específicos (considerações sobre as dores), exame
físico específico (inspeção estática,
inspeção dinâmica palpação, avaliação
muscular específica)manobras especiais (sinal
de Laségue,“finger-floor”, teste de
inclinação lateral de tronco e teste de retração
de cadeia posterior) e avaliação de
dor e desconforto através da escala de
desconforto para
diferentes partes do
corpo.
A partir da avaliação
inicial, foram agendados os atendimentos
fisioterapêuticos e elaboradas as
prescrições de exercícios baseados nos princípios
método Pilates no solo. Cada intervenção
fisioterápica foi
composta por exercícios
globais, os quais trabalharam
simultaneamente padrão ventilatório, alongamento
e fortalecimento muscular, com a intenção
de diminuir ou eliminar o quadro de
lombalgia crônica e suas consequências.
Foram realizados dois (2)atendimentos semanais, às
3ª e 5ª feiras, com
duração média de 60
minutos cada, durante cinco (5) semanas,
totalizando dez (10)atendimentos, sendo que o
primeiro e o último atendimento foram
utilizados para a avaliação pré e pós intervenção,respectivamente; sendo
este o número de intervenções viável em
função do tempo disponível para a
realização da coleta de dados. Na avaliação
pós-intervenção fisioterapêutica foram
seguidos os mesmos meios e procedimentos
utilizados no pré teste.
Os atendimentos foram
realizados nas dependências da
Clínica-Escola de
Fisioterapia da
UNISUL/Campus Tubarão,no período entre
28/09/2006 a 03/10/2006,consistindo de exercícios
terapêuticos baseados nos princípios do
método Pilates® no solo, realizados em
decúbito dorsal,decúbito ventral e
sentada.
Foram 7 (sete) os
exercícios trabalhados nos
atendimentos, os quais foram inseridos de forma
progressiva com relação ao grau de
dificuldade na execução.
Todos os exercícios foram
definidos a partir dos dados coletados na
pré-avaliação e na evolução do sujeito da
amostra no decorrer da intervenção
fisioterapêutica.
Foram escolhidas posturas
que mantivessem as curvaturas
fisiológicas da
coluna e que promovessem
apoio e estabilidade à coluna
lombar, ativando a
contração da musculatura
abdominal, das coxas e glúteos: “o cem”, “círculo
com uma perna”, “estiramento da
coluna para frente”,“estiramento das duas
pernas”, “cisne”,“rolamento para frente” e “alongamento
de uma perna”.
Os exercícios utilizados,
de acordo com Aparício e Perez
(2005), Civita (2004),Craig (2004), Dillman
(2004), Herdaman e Selby (2000), são
considerados básicos.
Entretanto, mesmo com o
fato de no decorrer das intervenções o sujeito
da amostra mostrar-se capaz de
realizar exercícios de nível moderado, não houve
alteração no nível de intensidade dos
exercícios devido a pouca afinidade do sujeito
da amostra com o método.
Deu-se inicio às
intervenções aplicando uma postura por
atendimento, de
maneira que elas foram
cumulativas até somarem três. No momento
em que ocorreu o quarto atendimento, o
exercício aprendido no primeiro atendimento
foi substituído pelo exercício aprendido no
atendimento do dia, e assim sucessivamente.
As posturas realizadas no
tratamento foram precedidas pelo
exercício de ponte, o qual foi utilizado em
todos os atendimentos como aquecimento prévio
aos exercícios baseados no método Pilates®
no solo. Kisner e Colby (1992) comentam
que o exercício de ponte serve para obter um
fortalecimento da musculatura glútea e parte
inferior de tronco,possibilitando a melhora
do controle de tronco inferior e dos
membros inferiores (MMII) e aumentando a
força dos estabilizadores de
quadril.
RESULTADOS
A seguir são apresentados
os resultados da coleta de
dados pré e pós intervenção fisioterapêutica. Os dados coletados foram
organizados e apresentados em gráficos e ilustrações,
e tratados através de estatística descritiva.
Na análise estatística foi aplicada
para a variável estudada, a estatística
descritiva (frequência).
Amplitude
de Movimento
Testes de
mobilidade da coluna vertebral
Os testes de mobilidade da
coluna vertebral foram realizados
na avaliação pré e pós-intervenção no sujeito
da amostra,conforme apresentado no
gráfico 1.
Gráfico
1: Resultados referentes aos testes de
mobilidade da coluna vertebral “fingerfloor”, “inclinação
lateral à direita” e “inclinação
lateral à esquerda” – pré e pósintervenção fisioterapêutica.
0
10
20
30
40
50
Finger-floor
Inclinação
Lateral D
Inclinação
Lateral E
Pré-avaliação
Pós-avaliação
A realização do teste de
Finger–floor na amostra apresentou 5cm
na pré- avaliação e 0 cm na pós-avaliação
após a intervenção,ou seja, um ganho de 5cm.
O teste de inclinação lateral à
direita apresentou 44 cm na pré-avaliação e 32 cm
na pós-avaliação –ganho de 12cm; já o teste
de inclinação lateral à esquerda
apresentou 36 cm na préavaliação e 33 cm na pós-avaliação –
ganho de 3cm.
Teste de
flexibilidade
No gráfico 2 são
apresentados os resultados referentes ao
teste de verificação do encurtamento da cadeia
posterior, com mensuração dos ângulos
coxo-femoral e tíbio-társico, realizado
pré e pós-intervenção
fisioterapêutica.
Gráfico
2: Resultados referentes ao teste de flexibilidade
“verificação de encurtamento da cadeia
muscular posterior com mensuração
do ângulo coxo-femoral e tíbiotársico” – pré e
pós-intervenção fisioterapêutica.
0
20
40
60
80
100
120
Pré-avaliação
Pós-avaliação
Ângulo
coxo-femoral
Ângulo
tíbio-társico
O sujeito da amostra deste
estudo apresentou, na
pós-avaliação, uma melhora na angulação coxo-femoral,
uma vez que o resultado na pré-avaliação
foi de 120° e na pós-avaliação de 105° -
uma redução de 15°.
No que se refere ao ângulo
tíbio-társico, na pré-avaliação o resultado
foi de 110° e na pós-avaliação de 95° -
reduzindo em 15° a angulação.
Quadro
Álgico
Sinal de
Laségue
O quadro 1 apresenta os
dados referentes à realização do
teste de Laségue
pré e pós-intervenção
fisioterapêutica.
Quadro 1: Resultados
referentes ao Teste de Laségue
realizado na pré e pós-intervenção fisioterapêutica
do sujeito da amostra.
Segmento
Pré-avaliação Pós-avaliação
MI Direito Positivo
Negativo
MI Esquerdo Positivo
Negativo
A realização do teste de
Laségue apresentou sinal positivo
bilateralmente na
pré-avaliação e sinal
negativo bilateralmente na pós-avaliação.
Escala de
desconforto para diferentes partes do
corpo
Para a análise da escala
de dor e desconforto para
diferentes partes do corpo,na pré e pós-intervenção,
seguem as Figuras [A], [B] abaixo:
Figuras
[A] Ilustração representando a região e
grau de desconforto relatados pelo sujeito
da amostra na avaliação pré intervenção;
[B] Ilustração
representando a região e
grau de desconforto relatados pelo
sujeito
da amostra na avaliação pós intervenção.
[A]
[B]
Observando-se os
resultados, verificasse que o sujeito da amostra,
na pré avaliação,referiu dor suportável em
cabeça e ombro direito e dor
insuportável em coluna lombar e quadril direito.
Já na pós-avaliação o sujeito da amostra não
referiu dor em nenhuma parte do corpo.
DISCUSSÃO
De acordo com Craig
(2005), o Método Pilates®, através
do alongamento,
ajuda a restaurar a boa
postura ao corrigir os desequilíbrios musculares,
melhorando a mobilidade articulatória,
aumentando a flexibilidade e
fortalecendo os músculos posturais. Os dados da
avaliação da
mobilidade da coluna
vertebral vão em encontro com o comentado
por Lima (2006),que relatou que o Método
Pilates® aplicado em mulheres com lombalgia,
mostrou-se favorável na redução dos
níveis de dores,melhorando a qualidade das
atividades de vida diária, mostrando que
em futuras
pesquisas podem ser
importantíssimas para comprovar a influência do
Método Pilates® sobre a flexibilidade, a
capacidade respiratória e os aspectos
psíquicoemocionais.
Para Lima (2002), a
realização dos exercícios do Método
Pilates® baseia-se na organização do corpo, a
qual é iniciada pelo alongamento axial -
recurso pelo qual o sujeito da amostra
desenvolverá um sentido de crescimento através da
idéia de afastamento do topo da
cabeça e a ponta do cóccix, proporcionando um
alongamento da cadeia muscular posterior.
Este mecanismo favorece a abertura
intra-articular vertebral e o alinhamento da coluna
como um todo,possibilitando o ganho de
um melhor e maior arco de movimento,
diminuindo a rigidez o qual limita a
flexibilidade, partindo do princípio que a grande
maioria das lombalgias está
relacionada com a má
distribuição de forças
através do Pré-intervenção Pós-intervenção
desequilíbrio das curvas,
sobrecarregando o ponto de apoio na região
lombar.
Diante do apresentado,
sugere-se que o Método Pilates® mostra-se
como uma ferramenta adequada e
adaptável,favorecendo a sua
utilização como forma de intervenção
fisioterapêutica em pessoas que sofrem de lombalgia
crônica e apresentam um encurtamento da cadeia
muscular posterior, sendo que os
objetivos foram alcançados, uma vez que a
técnica teve influência tanto na
flexibilidade e/ou mobilidade da articulação
coxo-femural e quanto da articulação
tíbio-társica.
Segundo Tribastone (2001),
as técnicas de alongamento efetuadas
em âmbito reeducativo revelam-se
úteis por meio da recuperação da relação
normal da tensão comprimento,no restabelecimento de um harmônico equilíbrio
funcional entre os grupos musculares. Os alongamentos
musculares são indicados
para preparar e completar a tomada de
consciência corporal e o fortalecimento
muscular.
Achour Junior (2004)
menciona que a concavidade lombar aumenta
a convexidade torácica, vindo a fazer
com que a fáscia tóraco-lombar torne-se
rígida, aumentando o estresse na região lombar
e estreitando os espaços entre os discos,
consequentemente havendo compressão e
ciatalgia, achados estes que tornam o Sinal
de Lasegue positivo. O mesmo autor
ainda diz que o alongamento dinâmico atua
nutrindo os discos intervertebrais,
controlando a compressão discal.
Lima (2002) descreve que o
trabalho do Método Pilates® é
alcançar um
movimento eficiente com
retomada ao movimento funcional,
melhorando o
desempenho e buscando
facilitar a realização do movimento, permitindo
que o sujeito esteja numa posição que
minimize a atividade da musculatura
indesejada,frequentemente responsável
por um movimento ineficiente e
fadiga precoce, o que ocasionará lesão.
Para Moraes e Moro (2002),
as possíveis incidências de
dor e desconforto
não são originárias
somente da estrutura corporal do indivíduo,
sofrendo influências diretas do ambiente de
trabalho. No caso do sujeito da amostra,
segundo seu relato, o ambiente de trabalho
oferece estas influências. A mesma autora
ainda firma que indivíduos que adotam, frequentemente, uma
mesma posição durante
longos períodos,podem gerar consideráveis
alterações no alinhamento corporal, além
de apresentaram dor ou desconforto na
musculatura mais solicitada.
Resultados semelhantes aos
deste estudo foram observados no
estudo de Lima(2006), no qual um grupo
experimental,formado por mulheres de 25
a 30 anos com diagnóstico de lombalgia
crônica, passaram por intervenção através do
Método Pilates®.
Levantou-se que 80% das
participantes do estudo tiveram um
decréscimo importante nos níveis de dor,
conforme a Escala Comportamental da Dor
utilizada como instrumento de coleta de
dados no referido estudo.
Além dos dados
apresentados neste item, referentes ao quadro
álgico do sujeito da amostra, a mesma
relatou, na pré avaliação, dor à palpação nos
processos espinhosos de L3, L4, L5 –
e relatou ausência desta dor na
pós-avaliação.
Para Dillman (2004), um
dos principais elementos da
boa postura é possuir uma musculatura
abdominal forte,capaz de dar sustentação à
coluna e à pelve.
Através do centro de
força, o praticante desenvolve força, controle
e estabilidade do tronco que repercutirá
positivamente sobre todos os movimentos.
Segundo Tribastone (2001),
os maus hábitos posturais podem
ser auto corrigidos com esforço voluntário de
correção e com anunciação de posições
particulares. Para o mesmo autor, para
modificar o esquema
postural é oportuno e
necessário: informar ao indivíduo do esquema
errado pela tomada de consciência da postura
alterada; promover a aquisição de uma postura
correta por meio de ações educativas
progressivas, com
modificações das respostas
dos vários receptores, para a criação
de novos
esquemas posturais
corretos. Isso pode ser alcançado por meio de:
dissociação das incorretas sinergias preexistentes;
escolha das combinações motoras
úteis; montagem da nova unidade operativa,
tentar corrigir o esquema incorreto com
meios de várias naturezas (exercício de
equilíbrio, esquema corporal, educação
respiratória etc.).
CONCLUSÃO
O estudo chegou ao final
obtendo-se como resultados: a melhora
do quadro álgico após a intervenção
fisioterapêutica utilizando exercícios baseados nos
princípios do Método Pilates® no solo.
Com relação aos testes de flexibilidades e
mobilidade da coluna vertebral, pode-se
observar que a
aplicação dos princípios
Método Pilates® no solo teve efetiva
aplicabilidade,
apresentando resultados
positivos identificados na
comparação entre os dados da pré e pós-avaliação.
Sendo assim, todos os
objetivos traçados deste estudo
foram alcançados,
sugerindo os efeitos
benéficos que o Método Pilates® no solo pode
proporcionar ao indivíduo e que este se
mostra como mais uma opção no leque de
recursos fisioterapêuticos
disponíveis para a prescrição de uma
intervenção diferenciada e específica.
Fica como sugestão a
realização de estudos mais precisos
sobre o Método
Pilates®, enfatizando um
período mais longo de aplicação da técnica,
uma amostra maior possibilitando uma análise
estatística específica.
Sugere-se também que sejam desenvolvidos estudos
utilizem mais recursos na avaliação
cinética-funcional (como a eletromiografia de
superfície ou a
avaliação isocinética dos
músculos abdominais), contribuindo para
que a
utilização do Método
Pilates® no solo tenha reconhecimento cientifico –
uma vez que existem cada vez mais
oportunidades no mercado de trabalho em fisioterapia para o uso do Método Pilates® no
solo como recurso terapêutico
voltado à reabilitação.
REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ACHOUR JÚNIOR, A. Flexibilidade
e alongamento:
saúde e bem estar. Barueri:Manole, 2004. 364 p.
ALEXANDRE, N. M. C.;
MORAES, M. A. A. Modelo de avaliação
físico-funcional da coluna vertebral. Rev.
Latino-Am. Enfermagem, v. 9,
n. 2, p. 67-75, abr.2001.
ANDRADE, S. C., ARAÚJO, A.
G. R.;
VILAR, M. J. P.; Escola de
Coluna: revisão histórica e sua aplicação
na lombalgia crônica. Rev. Bras.
Reumatol., v.45, n.4,p.224-228, ago. 2005.
APARICIO, E.; PÉREZ, J. O
Autentico Método
Pilates®: A arte do controle: Tradução: Magda Lopes. São
Paulo: Planeta do Brasil, 2005.
BATES, B.; BICKLEY, L. S.;
SZILAGYI,P. G. Propedêutica
médica. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2005.
938 p.
CIVITA, V. Mexa-se com
o Método Pilates®. São
Paulo: Nova Cultura, 2004.
CRAIG, C. Pilates com a
bola. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2004. 177
p.
DILLMAN, E. O pequeno
livro de Pilates:guia prático que dispensa
professores e equipamentos. Tradução:
Alice Xavier. Rio de Janeiro: Record, 2004.
HERDMAN, A; SELBY, A. Pilates®:
como criar o corpo que você
deseja. Tradução: Édi Gonçalves de Oliveira. São
Paulo: Manole, 2000.
HOPPENFELD, S.; HUTTON, R. Propedêutica
ortopédica: coluna e
extremidades. Rio de
Janeiro: Livraria Atheneu, 1999.
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos:
fundamentos e técnicas. 2. ed. São Paulo: Manole, 1992.
708 p.
LIMA, A. P. P. Os
efeitos do Método Pilates®
em mulheres na faixa etária de 25 a 30
anos com lombalgia crônica; 2006,(monografia) trabalho de
conclusão de curso; Universidade
Federal de Mato Grosso
Faculdade de Educação
Física, do Campus de Cuiabá; ago. 2006.
LIMA, G. S. Abordagem
fisioterapêutica através
do Método Pilates® na
reabilitação
da lombalgia; 2002,(monografia) trabalho de
conclusão de curso,Universidade Católica do
Salvador,Faculdade de Fisioterapia
(Salvador-BA)maio, 2002.
MARQUES, A. P.l. Cadeias
musculares:um
programa para ensinar avaliação fisioterapêutica
global. São Paulo: Manole,2000.
MENDES, R. Patologia do
trabalho. São Paulo: Livraria Atheneu,
1996. 643 p.
MORAES, L. F. S.; MORO, A.
R. P. Os princípios
das cadeias musculares na avaliação
dos desconfortos corporais e constrangimentos
posturais em motoristas do
transporte coletivo. 2002. 112 f. jul.2002, [Dissertação]. Mestrado
em Engenharia de Produção,
Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis;2002.
NIEMAN, D. C. Exercício
e saúde. 1. ed.São Paulo: Manole, 1999.
316 p.
TRIBASTONE, F. Tratado
de exercícios corretivos
aplicados à reeducação motora postural.
Barueri, São Paulo: Manole,2001.
Nenhum comentário:
Postar um comentário