sábado, 29 de agosto de 2015

Exercícios com bola para dores nas costas

Você sabia que, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), mais de 80% da população MUNDIAL sofrerá ao menos um episódio de dor nas costas durante a vida? Além disso, Nesse exato momento, cerca de 50% das pessoas está com alguma dor nas costas.
Felizes são os que conhecem esse método, capaz de PREVENIR e TRATAR dores agudas e crônicas de maneira eficiente e rápida! Sim, o Pilates tem sido amplamente utilizado quando o assunto é dor nas costas.

Para lhe ajudar nesse aspecto, vamos apresentar 3 movimentos simples e muito eficazes para combater essas dores que podem nos incomodar em algum momento:

01: Mobilização de coluna


MONTAGEM01


Posição Inicial:
Sentado em uma cadeira, de preferência que deixe seu joelho próximo a 90 graus, mantenha sua coluna ereta, pernas afastadas e mãos sobre a bola.

Realização:
Expirando, inicie o movimento pela cabeça, flexione (arredonde) sua coluna gradativamente, deslizando a bola a frente, com as mãos até chegar à posição final. Inspire e retorne expirando de maneira prolongada durante todo o movimento (que deve ser executado de forma lenta), encaixando primeiro seu quadril, coluna lombar, torácica e por último sua cabeça.

Atenção:
- Manter o abdominal ativado é fundamental para a estabilização de sua coluna, por isso, busque aprender sobre essa técnica para que suas realizações sejam corretas.
- A concentração no corpo fará toda a diferença na hora dos resultados, portanto, durante seu exercício, mantenha o foco nos músculos e articulações que estão sendo utilizados.

02: Sentar e alcançar

MONTAGEM02


Posição Inicial:
Sentado na bola, procure manter seu joelho próximo a 90 graus e as mãos sobre as coxas. Sua coluna deve estar ereta e as pernas ligeiramente afastadas.

Realização:
Expirando, inicie o movimento pela cabeça e flexione (arredonde) sua coluna gradativamente.
Enquanto flexiona a coluna, leve as mãos na direção dos pés e faça extensão nos joelhos.
Inspire parado e retorne à posição inicial, encaixando sua coluna a partir do quadril.

Dica: Busque levar a cabeça na direção dos joelhos na posição final. Perceba todo o alongamento na região posterior.

Atenção:
- Manter o abdominal ativado é fundamental para a estabilização da coluna, por isso, busque aprender sobre essa técnica para que suas realizações sejam corretas.

- A concentração no corpo fará toda a diferença na hora dos resultados, portanto, durante seu exercício, mantenha o foco nos músculos e articulações que estão sendo utilizados.

03: Glute Stretch
*Um excelente movimento para prevenir e amenizar crises de nervo ciático!

MONTAGEM03


Posição Inicial:
Deitado, mantenha uma perna no meio da bola. A outra perna deve ficar cruzada por cima da perna de apoio, ligeiramente acima do joelho (formando um número 4 com as pernas).

Realização:
Expirando, puxe a bola com a perna de apoio, trazendo a perna de cima na sua direção. Será nítido o alongamento na região próxima ao glúteo no lado da perna que está por cima.

Atenção:
- Manter o abdominal ativado é fundamental para a estabilização de sua coluna, por isso, busque aprender sobre essa técnica para que suas realizações sejam corretas.

- A concentração no corpo fará toda a diferença na hora dos resultados, portanto, durante seu exercício, mantenha o foco nos músculos e articulações que estão sendo utilizados.

Esses são alguns exemplos simples que você poderá fazer em casa naqueles dias em que suas costas começam a incomodar! Vale lembrar que é fundamental o auxílio e instrução de um profissional capacitado para usufruir o melhor que o método Pilates pode oferecer!

Fonte:Luiz F Garbelotti / Polyana Gouvea

Pilates corrige desvios e fortalece a coluna

pilates-fortalece-coluna

 Quem tem problemas de coluna nem sempre pode praticar alguns exercícios físicos. Mas uma atividade recomendada é o Pilates, método de treinamento indicado para qualquer pessoa. “O exercício pode ser praticado tanto por quem quer fortalecer a musculatura, tem sérios problemas de coluna ou até um atleta de alto nível. A técnica consegue, com seus equipamentos e atendimento personalizado, promover melhora em pacientes e aumentar a performance de esportistas”, explica Sandro Veríssimo.

Conheça as doenças que afetam a coluna
A técnica do Pilates ajuda a evitar lesões na coluna e prevenir doenças. “No Pilates conseguimos um treinamento muscular mais específico em aulas personalizadas. Trabalhamos com a estabilização da coluna, que é o fortalecimento dos músculos profundos, responsáveis por manter as vértebras e seus componentes articulares na posição correta”, explica. O professor garante que os exercícios evitam problemas como: hérnias de disco, espondilólise, protusão discal e desvios posturais (escoliose, cifose e lordose).

Veríssimo explica que todos os exercícios de fortalecimento devem ser realizados em três séries de 15 repetições, com intervalo entre elas de um minuto. Já os alongamentos, em três séries de 30 segundos cada, com intervalo de um minuto entre cada uma. Além disso, é importante que as atividades sejam realizadas três vezes por semana, em dias alternados.

Pratique Pilates também durante a gravidez
O educador físico esclarece que não há como mensurar a quantidade de sessões em que os desvios poderão ser corrigidos. “Temos que analisar a gravidade do desvio, o tempo que está instalado no corpo, a quantidade de sessões realizadas por semana e como o corpo reage ao tratamento, entre outras questões. É necessário praticar uma atividade física sempre, e no caso do Pilates, não há dúvida, pois o treinamento é personalizado e individualizado”, ressalta.

O profissional ensina algumas técnicas do Pilates para cada desvio na coluna, reforçando que, além dos exercícios, a manutenção da postura correta e a prática constante de atividade física são grandes aliadas na recuperação de problemas posturais. Veja quais são as posições e técnicas:

Para Cifose
Fortalecer costas: sentado em uma cadeira com pesos nas mãos (pode ser garrafas de água, com água ou areia dentro), encostar o tronco nas coxas e realizar movimentos com os braços semiestendidos em direção ao teto.


Alongar peitoral: sentado em uma cadeira, abrir os braços entendidos na altura do ombro e forçá-los para trás, tentando aproximar as mãos atrás das costas.


Para Lordose
Fortalecer abdômen: deitado em um colchonete, apoiar as mãos em baixo das costas, na região lombar e, com os joelhos unidos e flexionados realizar movimentos de abdominal, aproximando os joelhos do peito.


Alongar dorsais: deitado em um colchonete abraçar os joelhos em direção ao peito.


Para Escoliose
Como esse desvio pode ocorrer tanto na coluna lombar quanto na torácica é necessário saber exatamente onde está o desvio para realizar os exercícios:


Lombar
Fortalecer abdômen: Deitado sobre um colchonete, apoiar as mãos embaixo das costas, na região lombar, e com os joelhos unidos e flexionados realizar movimentos de abdominal, aproximando os joelhos do peito.


Alongar cadeia lateral: sentado em uma cadeira elevar o braço direito entendido na direção do teto e inclinar o tronco para o lado esquerdo, depois repetir para o outro lado.


Torácica
Fortalecer costas: sentado em uma cadeira com pesos nas mãos (pode ser garrafas de água, com água ou areia dentro), encostar o tronco nas coxas e realizar movimentos com os braços semiestendidos em direção ao teto.


Alongar cadeia lateral: sentado em uma cadeira elevar o braço direito estendido na direção do teto e inclinar o tronco para o lado esquerdo, depois repetir para o outro lado.

Fonte: Bem Paraná
           

Hoje é dia


Efeitos de uma abordagem fisioterapêutica baseada no método Pilates, para pacientes com diagnóstico de lombalgia, durante a gestação

Efeitos de uma abordagem fisioterapêutica baseada no método Pilates, para pacientes com diagnóstico de lombalgia, durante a gestação

Effect of one program established in the Pilates method in the reduction of the lombalgia in the gestation

Resumo

O ensaio clínico objetiva verificar os efeitos do Pilates na prevenção de lombalgias em gestantes. Foi realizado no Studio Pilates Balance Center, em 
Goiânia (Goiás). A amostra incluiu nove gestantes, entre 18 a 40 anos. Os instrumentos de medidas foram à escala analógica visual (VAS) e o 
questionário Oswestry. A análise dos dados ocorreu por média aritmética simples e por proporções. As médias de dor aferidas pela VAS foram de 2,88, 
2,5 e 3,4 e as médias de inabilidade do Oswestry foram de 14,4, 15,1 e 16 para a 24ª, 28ª, 32ª semana gestacional respectivamente. As gestantes 
praticantes de atividade aeróbia conjunta ao Pilates obtiveram menor média de dor e de inabilidade. A sessão sete do Oswestry apresentou nota zero para 
inabilidade em dormir em todas as medidas obtidas. Logo, apesar da alta incidência da lombalgia, as participantes do estudo não demonstraram altos 
níveis de dor ou inabilidade.

Palavras-chave: Dor Lombar, Mulheres Grávidas, Técnicas de Fisioterapia, Medição da Dor.

Abstract 

The clinical rehearsal aims at to verify the effects of Pilates in the low back pain prevention in pregnants. It was accomplished in Studio Pilates 
Balance Center, in Goiânia (Goiás). The sample included nine pregnants, between 18 to 40 years old. The instruments of measures were the visual 
analog scale (VAS) and the questionnaire Oswestry. The analysis of the data happened for simple arithmetic average and for proportions. The pain’s 
averages checked for the VAS were of 2,88, 2,5 and 3,4 and the averages of inability of Oswestry were of 14,4, 15,1 and 16 for to 24th, 28th, 32nd week 
gestational respectively. The practicing pregnants women of aerobic activity united to Pilates obtained minor medium of pain and of inability. The 
session seven of Oswestry presented note zero for inability in sleeping in all the measures obtained. Therefore, in spite of the high incidence of the 
low back pain, the participants of the study didn't demonstrate high pain levels or inability.

Key-Words: Low Back Pain, Women Pregnants, Physical Therapy’s Techniques, Measurement of Pain.

Introdução

A ocorrência de dor lombar na gestação é bem conhecida por muitos obstetras. 

Ela é muitas vezes vista como parte normal da gravidez [1,2] e vários estudos encontraram uma incidência próxima de 50% de gestantes com esse 
sintoma [3,4,5]. Fast et al. [1] realizaram um estudo com duzentas mulheres grávidas e constataram que 56% sofreram de lombalgia durante a gravidez, 
sendo o quinto e o sétimo mês o período mais crítico de dor. Em outro estudo de Kristiansson et al. [6], também com duzentas mulheres, 70,2% referiram 
dor lombar na gestação. No Brasil, Cecin et al. [2] verificaram que o grupo de gestantes (60 mulheres) apresentou uma chance 13,7 vezes maior de 
lombalgia se comparado ao grupo de não gestantes (60 mulheres).

Com o grande avanço tecnológico, as informações tornaram-se mais acessíveis e as próprias mulheres têm buscado alívio para seus incômodos. A atividade 
física, principalmente na forma de grupos específicos para grávidas, tem sido um caminho tanto buscado quanto indicado para essas mulheres [7].
 
Em relação ao exercício físico praticado por gestantes, a literatura é ainda controversa, mas vários estudos concluíram que a atividade física regular e 
moderada não provoca riscos às mães ou aos bebês [7-10]. Uma meta análise envolvendo 18 estudos concluiu que não houve diferenças entre grávidas 
ativas e sedentárias quanto ao ganho de peso materno, peso do bebê ao nascimento, duração da gestação, duração do parto e índice de APGAR, no 
entanto o exercício foi apontado como benéfico por não estar relacionado com efeitos adversos aparentes [11].

Existem ainda pesquisadores que defendem não somente a segurança da prática do exercício, mas também sua eficácia na prevenção de desconfortos próprio 
do período gestacional como lombalgias, câimbras, edema, fadiga, dispneia e outros [10,12,13].

A aplicação terapêutica do exercício nessa população ainda não é bem conhecida, pois os estudos da fisioterapia na saúde da mulher são, até o 
momento, escassos. A própria gravidez é uma situação limitadora para o uso de alguns métodos diagnósticos e de tratamento [14], porém alguns protocolos 
já foram testados [15,16]. Esses protocolos propuseram, como modo terapêutico de eleição, a cinesioterapia e enfocaram: o alongamento de 
músculos sobre tensão constante como peitorais, paravertebrais lombares, adutores e posteriores da coxa; o fortalecimento de grupos musculares 
específicos como o períneo e adutores da coxa e o treino de músculos respiratórios.

O esforço para resolução da problemática da lombalgia é grande, no entanto uma revisão sistemática a respeito de tratamentos fisioterápicos em 
gestantes com dor lombar e pélvica, envolvendo nove estudos, apontou que não existem evidências suficientes para provar que a intervenção 
fisioterapêutica é eficiente na prevenção e tratamento da lombalgia na gestação [17]. Porém, essa revisão mostrou que a estabilidade lombo-pélvica, 
e conseqüentemente a diminuição da sintomatologia, podem ser conseguidas pelo treino específico dos músculos transverso abdominal, multífidos e 
assoalho pélvico. A necessidade de mais pesquisas envolvendo as intervenções baseadas nos princípios do sistema estabilizador da coluna foi destacada 
pelos autores como um importante caminho a ser seguido.

Alguns pesquisadores estão se aprofundando nos conhecimentos sobre dor lombar e sistema estabilizador da coluna. Em 1987, Fast et al. [1] já haviam 
mencionado a relação entre músculos do tronco forte e níveis menores de dor nas costas. No decorrer dos anos as pesquisas avançaram, e Hodges e 
Richardson,em 1996, demonstraram em um estudo [18] com eletromiografia que o músculo transverso abdominal contraiu-se antes de qualquer movimento das 
extremidades superiores, evidenciando seu papel na estabilização da coluna. 

Ainda em 1996, Hides et al. [19] aplicaram um programa de exercício baseado na ativação dos multífidos associado com tratamento medicamentoso em 
pacientes que sofreram o primeiro episódio de dor lombar aguda. Eles concluíram que os multífidos são importantes na promoção da estabilidade segmentar da coluna.
Em 1999, Richardson, Jull, Hodges e Hides [20] reuniram seus achados e organizaram algumas evidências como: o modelo de estabilização de Panjabi, a 
composição do sistema local e global de estabilização vertebral, o papel estabilizador dos multífidos e transverso abdominal, a relação entre dor 
lombar e a ineficiência do sistema estabilizador da coluna e um programa de exercícios específicos para ativação desse sistema.

Seguindo essa tendência, uma das técnicas que está sendo usada pelos fisioterapeutas é o método Pilates. Ele foi criado na década de vinte do 
século passado, mas somente a partir dos anos noventa começou a ser usado na fisioterapia de modo mais significativo. O criador do método, Joseph Pilates 
denominou sua criação como Contrologia,conceituando-a como um novo sistema de cultura física proposto para recuperar tanto a saúde como a felicidade 
das pessoas. Esse sistema era composto tanto por conceitos filosóficos de bem-estar como por exercícios e equipamentos a serem praticados e usados [21].
 
 Atualmente, uma das linhagens do Pilates, conhecida como Pilates evoluído, fundamenta a técnica em seis princípios e neles está presente de alguma forma a ativação dos músculos transverso abdominal, multífidos, grande dorsal e assoalho pélvico [22].

Existe grande carência de estudos sobre essas novas teorias do sistema estabilizador da coluna assim como sobre novas técnicas que adentram o mundo 
do fisioterapeuta. Apesar disso, o objetivo desse trabalho foi escolher uma dessas abordagens de tratamento, nesse caso o Pilates, e verificar seus 
efeitos na prevenção de lombalgias em gestantes. Ademais, especificamente, objetivou-se levantar dados referentes à incidência da lombalgia em 
gestante; bem como identificar a relevância da atividade física para minimizar os transtornos provocados pela mesma, e ainda, relatar a 
importância do sistema estabilizador da coluna para a redução dos agravos desta patologia na gestação.

Materiais e Métodos
 
Essa pesquisa foi realizada no Studio Pilates na cidade de Goiânia (Goiás). Trata-se de um centro especializado no método Pilates que 
possui várias propostas de abordagem terapêutica e uma delas é a formação de pequenos grupos, com no máximo cinco gestantes, que são acompanhados por uma 
fisioterapeuta. Os objetivos desses grupos, denominado por Pilates Postural para Gestantes (PPG), são a prevenção de dor, promoção de qualidade de vida 
e preparo para o parto.

O estudo é um ensaio clínico a respeito dos efeitos de um programa de exercícios sobre os pequenos grupos de gestantes, portanto não houve grupo 
controle e nem mesmo randomização da amostra. O programa de exercícios é baseado no método Pilates e segue a abordagem da Polestar Education [23].

Participaram do estudo as gestantes matriculadas nesse grupo especial e que preencheram os seguintes critérios de inclusão: ausência de doença clínica 
ou obstétrica, gestação única, idade entre 18 a 40 anos e o desejo de participar de um programa de prevenção de dor e preparo para o parto. Os 
critérios que implicaram em exclusão foram: o surgimento de qualquer sintoma que contra indicasse o exercício; uma freqüência inferior a doze semanas no 
tempo total da prática da atividade; a ocorrência de quatro faltas consecutivas, ou seja, duas semanas. A exclusão do estudo não implicou no 
afastamento da gestante da atividade, exceto se houvesse contra indicação. 

Todas as grávidas assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, confirmando o aceite em participar desse estudo.

Antes de iniciar no programa de PPG, as gestantes passaram por uma avaliação fisioterapêutica que incluiu anamnese e palpação principalmente das regiões 
mais susceptíveis de lesões em gestante. Tanto a avaliação quanto às sessões foram conduzidas pela mesma fisioterapeuta.

As atividades dos grupos de PPG foram aplicadas duas vezes na semana, nas terças e quintas feiras, em horário matutino ou noturno, conforme a escolha 
das gestantes com a possibilidade de reposição da sessão aos sábados caso houvesse algum empecilho de comparecimento durante a semana. As sessões 
tiveram a duração de uma hora.

Dois instrumentos de medidas foram selecionados: a escala analógica visual (VAS) com 100 mm de comprimento, sendo 0 mm ausência de dor e 100 mm dor 
intolerável, e o questionário Oswestry, dividido em 10 seções, que avalia a inabilidade causada pela lombalgia.

A cada quatro semanas, as gestantes preencheram tanto o questionário Oswestry quanto a escala analógica visual (VAS). Não houve imposição de 
tempo limite para o preenchimento dos dados. Como havia a possibilidade do ingresso constante de gestante no grupo e a presença de variadas idades 
gestacionais, ficou pré-estabelecido que elas responderiam o questionário e a VAS nas seguintes semanas gestacionais: 16ª, 20ª, 24ª, 28ª, 32ª e 36ª.

O programa de exercícios contidos no PPG não é protocolado, ou seja, não existe uma seqüência fixa e ordenada de exercícios que foram executados, uma 
vez que o repertório do método é extremamente vasto e a condição física da gestante se modifica com o evoluir da gestação. Entretanto, todas as sessões 
foram executadas de maneira que os seis princípios que norteiam o método estivessem presentes.

Sendo assim, pode-se resumir que o programa seguiu a seguinte estrutura: execução da respiração própria do método com a ativação dos músculos 
multífidos e transverso abdominal; série de exercícios estabilizadores da coluna e quadril; exercícios de consciência corporal inclusive com dicas 
para organização de coluna cervical, torácica e escápulas; exercícios de mobilidade segmentar da coluna; treino específico de grandes grupos 
musculares de membros superiores, inferiores e tronco; treino de assoalho pélvico; exercícios respiratórios para o trabalho de parto após a 32ª semana 
gestacional; alongamentos passivos e/ou ativos dos grupos musculares mais trabalhados ou sobrecarregados pela gestação; relaxamento corporal com imagens visuais e breve massagem em região dorsal do tronco [23-27].
Durante as sessões, a freqüência cardíaca materna e a saturação de oxigênio foram verificadas nas gestantes que demonstraram qualquer sinal de fadiga ou 
desconforto, seja por queixa ou por sinais clínicos. Foi utilizado um oxímetro portátil da marca Nonin Onyx. O teste de falar e exercitar também 
orientou o nível de segurança da prática da atividade. Qualquer achado importante implicou na contra indicação ou modificação do exercício [28].
As grávidas foram também orientadas para as atividades da vida diária e profissional, recebendo informações sobre a melhor forma de deitar, dormir, 
sentar, levantar, pegar objetos, calçar sapatos, usar computadores, dirigir.
 
Como variáveis de controle foram relacionadas à idade materna, o ganho total de peso na gestação, o grau de escolaridade, situação conjugal (considerada 
pela condição de morar ou não com o companheiro), o hábito de fumar, e a prática de atividade física regular prévia a gestação. As variáveis do 
estudo foram: história prévia de dor lombar, atividade aeróbia regular conjunta com a participação no PPG, índice de dor medido pela VAS, índice de 
inabilidade aferido pelo Oswestry. Foi somente considerado como prática regular de exercícios aquela executada por período superior a 3 meses com 
uma freqüência mínima de 3 vezes na semana e duração superior a 30 minutos.

Como a amostra é pequena, a análise dos dados ocorreu por média aritmética simples e por proporções.

Os materiais utilizados na pesquisa foram os equipamentos próprios do método Pilates, a saber: Studio Reformer, Cadeira Combo, Ladder Barril, Trapézio e 
Wall Unit todos da marca PhisioPilates®. Além disso, foram utilizados: bolas de 65 e 75 cm, rolos de espuma de 6”x36”, flex ring toner, bastões, 
caneleiras de 1kg, halteres de 1 a 3kg e faixas elásticas de várias tensões.

Resultados

Aceitaram participar da pesquisa quatorze gestantes, porém apenas nove tornaram-se objeto da pesquisa. As outras cinco gestantes foram excluídas da 
análise de dados porque tiveram uma freqüência inferior a doze semanas. A média da prática de Pilates foi de 18,67 semanas, sendo a menor participação 
de 14 e a maior de 29 semanas.

O grupo das gestantes estudadas mostrou-se bastante homogêneo quanto as variáveis de controle. A média de idade foi 30,6 anos, sendo a menor idade 
27 e a maior 36 anos. O peso total ganho na gestação foi em média 11,05 kg, sendo 8kg o menor e 14kg o maior ganho ponderal. Em relação à escolaridade, 
todas possuíam nível superior e quanto à situação conjugal, todas eram casadas e viviam com os seus companheiros. Nenhuma delas possuía o hábito de 
fumar, nem mesmo antes da gestação. A atividade física regular antes da gestação foi praticada por 44,44% das mulheres.

Foram selecionados apenas os dados do Oswestry e da VAS referentes a 24ª, 28ª e 32ª semana gestacional. Os dados das demais semanas foram desprezados 
porque não foram preenchidos por todas as gestantes, uma vez que elas não iniciaram a atividade na mesma semana gestacional e nem todas participaram 
do estudo até o final da gestação.

Em relação as variáveis de estudo, observou-se que 55,55% relataram dor lombar prévia e 44,44% fizeram atividade aeróbia conjunta como o PPG por no mínimo três meses durante a gestação. As médias de dor aferidas pela VAS foram de 2,88, 2,5 e 3,4 para a 24ª, 28ª, 32ª semana gestacional respectivamente. As médias de inabilidade obtidas do Oswestry foram também, 
na ordem das semanas gestacionais, de 14,4, 15,1 e 16 (gráficos 1 e 2, de Média de VAS e Média de OW, respectivamente). Média de VAS2,882,53,4400,511,522,533,54Gestantes24ª Semana28ª Semana32ª Semana
Figura 1 - Média da Escala Analógica Visual (VAS)Média de OW14,44%15,11%16,00%13,50%14,00%14,50%15,00%15,50%16,00%16,50%Gestantes24ª 
Semana28ª Semana32ª Semana Figura 2 - Média do Questionário de Oswestry.

Dos 44,44% de mulheres que praticaram atividade física antes da gestação, 50% relataram dor lombar prévia e a média total de dor foi de 2,83 e de 
inabilidade foi 11,16. Do restante da amostra, ou seja, cinco mulheres (55,55%) não praticaram atividade física regular antes da gestação e delas 
60% relataram dor lombar prévia com as seguintes médias de dor e inabilidade respectivamente: 3,03 e 18,4.

Quanto a dor lombar prévia à gestação, as cinco mulheres que relataram sua presença tiveram como média de dor 4,03 e de inabilidade 18,53. Em contra 
partida, aquelas que não referiram dor lombar prévia, tiveram 1,58 de média de dor e 11 de 
inabilidade.

As gestantes praticantes de atividade aeróbia conjunta com o PPG tiveram 1,74 como média de dor e 11,50 como média de inabilidade. Já as gestantes 
que não fizeram atividade aeróbia, a média de dor foi 3,9 e a média de inabilidade foi 18,13.

O ganho de peso ponderal foi muito semelhante entre esses dois grupos, sendo que as mulheres que praticaram a atividade aeróbia ganharam 0,125kg a mais 
que o outro grupo.

Tabela I - Comparação entre média da VAS e do Oswestry nas situações de lombalgia prévia, atividade física prévia e atividade aeróbia na gestação.
 
Lombalgia Prévia
Atividade Física Prévia
Atividade Aeróbia na Gestação

Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
VAS média
4,03
1,58
2,83
3,03
1,74
3,90
OWS média
18,53
11,00
11,16
18,40
11,50
18,13

Na análise do Oswestry, observamos um dado importante. Na sessão sete sobre o hábito de dormir, todas as gestantes nas três medidas, marcaram a primeira 
opção que implica em nota zero de inabilidade.

Discussão

Os resultados desse estudo demonstraram que a incidência de dor lombar foi bem próxima daquela demonstrada por vários pesquisadores. Fast et al. [1] 
encontraram 56% de mulheres com lombalgia na gestação, Kristiansson et al (1996), 70,2% e Sousa et al(30), 80%.

Os níveis de dor e inabilidade aumentaram proporcionalmente com a semana gestacional. Kristiansson et al. [6] e Cecin et al. [2] também verificaram níveis crescentes de dor no decorrer da gestação. Os primeiros autores registraram incidência de 19% na 12ªsemana, 47% na 24ª e 49% na 36ª. Esses dados corroboram com a teoria multifatorial sobre a etiologia da lombalgia na gravidez que propõe um 
somatório paulatino das causas hormonais, mecânicas e vasculares(31).

A consideração mais importante da pesquisa é que, apesar da alta incidência da lombalgia, as participantes do estudo não demonstraram altos níveis de 
dor ou inabilidade. Na escala de dor que varia de 0 a 100 mm, a maior média registrada ficou um pouco além de um terço da capacidade de registro da mesma, ou seja, 3,4mm. Em relação à inabilidade, os achados são mais 
animadores, pois a maior média aferida corresponde a apenas um sexto (16%) da escala que varia de 0 a 100%. A literatura específica sobre a relação 
entre VAS, Oswestry e lombalgia gestacional é bastante escassa e não fornece referências para comparação dos resultados aqui observados.

Um achado que difere da literatura é a total habilidade para dormir. As participantes do PPG, nas três medidas, optaram pelo item: a dor não me 
impede de dormir bem. Na amostra de Sousa et al, 38,8% das gestantes relataram dor intensa o suficiente para acordá-las pelo menos uma vez à 
noite e na amostra de Fast et al. [1] 36% tiveram dor que as fizeram acordar várias vezes durante a noite. Cecin et al. [2] acharam um risco seis vezes 
maior de ocorrência de dor durante a noite no grupo de mulheres grávidas. A discrepância dos achados possivelmente ocorreu porque esses três estudos 
foram prospectivos com aplicação de questionários após o parto e o nosso estudo é sobre um grupo que sofreu intervenção terapêutica além de 
orientações ergonômicas. De qualquer forma é necessário haver mais pesquisas para a elucidação da relação qualidade de sono e a prática de Pilates.

Nosso estudo encontrou maiores índices de dor e inabilidade nas mulheres que relataram dor lombar prévia. Isso está de acordo com algumas pesquisas na 
área [30-32] mas as causas ainda não estão claras. Também foram encontrados menores índices de dor e inabilidade tanto nas mulheres que praticaram 
atividade física regular prévia quanto naquelas que praticaram atividade aeróbia conjunta com o PPG. Sternfeld et al. [10] e Ferreira e Nakano [31] 
discutiram em seus estudos o benefício da atividade física prévia à gestação na prevenção de lombalgia gestacional. Em relação à atividade aeróbia, seus 
benefícios já foram amplamente discutidos e o próprio American College of Obstetrics and Gynecology reuniu algumas indicações e recomendações.

O ganho de peso médio durante a gravidez ficou dentro da média sugerida pela maioria dos obstetras [33]. As mulheres que praticaram atividade aeróbia 
conjunta ganharam 0,125kg a mais que as não praticantes. Não conseguimos explicação plausível para o fato, mas concordamos com os estudos que indicam 
que exercícios moderados não influenciam no ganho de peso durante a gestação 
[
Esse estudo possui várias limitações. O primeiro problema foi a seleção, pois as grávidas deveriam ter o desejo de participar. Como o método Pilates 
ainda é uma intervenção nova para o fisioterapeuta e consequentemente um recurso elitizado, a amostra foi composta por mulheres com alto nível de 
educação, excelente consciência sobre cuidados com saúde e engajadas em programas de atividade física. O segundo problema foi a inexistência de 
grupo controle o que impossibilitou a comparação dos achados. Por fim, a falta de um programa protocolado impede a reprodução da pesquisa. Por todos 
esses motivos, os resultados pertinentes a esse estudo não podem ser estendidos à população geral.

Por outro lado vale ressaltar que a adesão das mulheres ao estudo foi alta principalmente por tratar-se de um programa de longa duração. Embora por 
motivos metodológicos tenha sido escolhidos apenas dados referentes à oito semanas, a média de participação foi de 18,67 semanas, estando dentro do 
período mínimo recomendado para atribuição de resultados [17]. Acreditamos que a alta adesão foi influenciada pela possibilidade de reposições aos 
sábados e pela existência de um programa individualizado e moldável aos sintomas e desconfortos inerentes à gestação.
 
Ainda é importante mencionar que não houve nenhuma intercorrência com as gestantes durante a prática do PPG o que reforça as afirmações a respeito da 
segurança da prática de exercícios moderados, prescritos individualmente e supervisionados por profissional adequado [10,11].

Conclusão

Em conclusão, esse estudo demonstrou que o Pilates Postural para Gestantes pôde trazer efeitos positivos na minimização dos agravos causados pela da 
lombalgia na população estudada. Embora os achados não possam ser estendidos, ficou claro que a inserção de técnicas mais modernas que 
envolvam o treino de estabilizadores da coluna é essencial para a evolução dos programas preventivos e terapêuticos da lombalgia na gestação. O 
desenvolvimento de mais pesquisas nessa área é necessário para a elucidação das dúvidas ainda existentes.
 
Referências

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Fonte: Cristina A N R Machado

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Joseph Pilates


Benefícios do método pilates na reabilitação

 O método pilates é um trabalho que se baseia em exercícios de força e mobilidade utilizando para tal técnicas e exercícios específicos. Este método permite desenvolver nos seus praticantes uma maior tomada de consciência corporal através, sobretudo, dos seus princípios: Concentração, Respiração, Controlo, Precisão, Fluidez de Movimento, Isolamento e Rotina (GALLAGHER; KRYZANOWSKA, 1999). Em todos estes princípios reside uma base comum: a especificidade de cada ser humano numa dimensão biopsicosocial, isto é, a capacidade desta modalidade se adaptar e se direcionar às diferentes características de cada praticante. Neste sentido, são inúmeros os estudos e os profissionais de saúde que associam a sua prática a inúmeros benefícios, concretamente ao nível da prevenção e tratamento de algumas patologias (como por exemplo os problemas de próstata, a incontinência urinária, entre outros), melhoria do equilíbrio, dos níveis de atenção e de concentração, da coordenação neuromotora, da mobilidade articular, da redução de dores da coluna, melhoria do sistema imunitário e do sistema linfático, aumento dos níveis de conhecimento de si próprio (GALLAGHER; KRYZANOWSKA, 1999).

Importa ainda salientar que o pilates assume um importante papel ao nível do sistema nervoso central. Através do sistema nervoso central conseguimos captar sinais do mundo exterior – podemos ouvir, ver, cheirar, saborear e sentir. O sistema nervoso central também coordena todas as nossas atividades conscientes e inconscientes – como andar, falar, pensar, recordar e realizar ações reflexas que acontecem sem pensarmos nelas. Um exemplo de uma patologia associada a uma disfunção ao nível do sistema nervoso central, é a Esclerose Múltipla (GALLAGHER; KRYZANOWSKA, 1999). Será neste sentido, e tendo em conta todos os princípios e metodologias utilizadas pelo método pilates, que podemos considerar a sua prática uma importante fonte de estímulo do bem-estar global. Muitas formas de esportes e exercícios concentram-se nos músculos maiores e mais fortes e, enquanto estes se tornarem ainda mais firmes e volumosos, os músculos menores e mais "fracos" são fortalecidos, enquanto os músculos maiores aumentam seu tônus, favorecendo maior mobilidade às articulações, criando um corpo equilibrado, flexível e integrado. Localizar esses pequenos músculos e aprender como exercitá-los, exige um bom grau de concentração e precisão – e por essa razão a técnica Pilates é comumente chamada de "exercício pensante" (DAVIES; GIBSON; TESTER, 1979).

A concentração é um dos seis princípios básicos da técnica Pilates – através dela é possível estabelecer a sintonia entre mente e corpo. Os outros princípios básicos são respiração, controle, centramento, fluxo do movimento e precisão. Como os exercícios são muito seguros, o que faz a técnica ser perfeita para todos os tipos de pessoas, a partir de 14 anos, entre atletas, obesos e idosos acima de 70 anos (GALLAGHER; KRYZANOWSKA, 1999). O método obedece a uma seqüência de módulos que se divide em: Básico, Intermediário e Avançado. Os equipamentos são usados em todos os módulos, com variações nos ângulos, na carga e a freqüência dos movimentos. Os exercícios devem ser feitos suavemente com o máximo de atenção e não devem ser executados automaticamente. Para isso, um mesmo movimento não é repetido mais do que 10 vezes (GALLAGHER; KRYZANOWSKA, 1999). 

Joseph Pilates criou mais de 500 exercícios diferenciados que em comum fortalecem e alongam toda musculatura do corpo, melhoram a flexibilidade e a coordenação e proporcionam relaxamento, muita conscientização corporal sem contar o constante trabalho respiratório e os cuidados com a correção da postura (GALLAGHER; KRYZANOWSKA, 1999). A princípio pode parecer que pouca coisa está acontecendo, principal mente se a pessoa estiver acostumada a aulas de aeróbica ou musculação, nas quais são utilizadas grandes cargas. Entretanto, para ser capaz de usar corretamente seu corpo, o indivíduo precisa ter consciência dele como uma entidade integrada. Através do Pilates o aluno finalmente vai conhecer e aprender a usar corretamente o próprio corpo. À medida que descobre como usá-lo corretamente, sua postura melhora, seus músculos adquirem maior tonicidade, suas articulações tornam-se mais flexíveis e a forma de seu corpo torna-se mais equilibrada, ereta e alongada (GALLAGHER; KRYZANOWSKA, 1999).
 
A prática frequente da técnica de Pilates traz os seguintes benefícios: fortalece o corpo, especialmente a musculatura abdominal; alonga e dá flexibilidade; desenvolve a consciência corporal e melhora a coordenação; ajuda a descomprimir lesões na coluna; prepara áreas enfraquecidas para a reabilitação; deixa as articulações mais móveis; desenvolve os músculos que suportam a coluna, aliviando dores crônicas na região; eleva a capacidade de contração muscular; aumenta a densidade óssea; melhora a postura e induz a combater o estresse; diminui a tensão e fadiga; relaxa e ajuda a combater o estresse; aumenta a capacidade respiratória e cardiovascular; desperta, revitaliza e dá sensação de leveza; otimiza o desempenho de atletas; diminui o percentual de gordura corporal; estimula a circulação; diminui a tensão pré-menstrual; auxilia no tratamento de complicações nos joelhos, ombros e panturrilhas, acidentes automobilísticos, reumatismo, poliomielites, pós-cirurgias, pré e pós-parto (GROUP; STANTON-HICKS, 1991). A única contra-indicação do método é para casos de lesões no sistema músculo-esquelético em processo de dor aguda. Passada essa fase, inicia-se a reabilitação, na qual o Pilates é utilizado para trabalhar a força muscular, a flexibilidade e o ganho ou recuperação de movimento (GALLAGHER; KRYZANOWSKA, 1999). O resultado após cada aula é uma agradável sensação de bem-estar, auto-estima e revigoração, onde cada músculo foi alongado, tonificado e massageado (GALLAGHER; KRYZANOWSKA, 1999).

A RPG é um trabalho preventivo e curativo, que tem como objetivo ensinar e educar músculos muitas vezes esquecidos, de forma mais estática do que dinâmica. O Pilates, por sua vez, amadurece estes ensinamentos de uma forma mais dinâmica do que estática. O Pilates também educa certos músculos;necessita, porém, de um maior cuidado durante sua aplicação, uma vez que seu aprendizado é mais dinâmico (BLUM, 2002). Um dos grandes princípios do Pilates é o alinhamento do centro de forca, juntamente com a respiração. Em outras palavras, o método atua no sentido de alinhar os 3 pontos da coluna vertebral – occiptal, dorsal media e sacro – respeitando suas curvas fisiológicas – lordoses cervicais e lombares, e cifose toráxica – em um auto-crescimento, ao mesmo tempo em que trabalha a respiração, liberando a região superior do tórax. Somado a isso, há a utilização de abdominais (em especial o transverso do abdômen), formando um centro alinhado, forte e equilibrado, que constitui a base para todos os movimentos do corpo humano (BLUM, 2002). Nos últimos anos, as gestantes também vêm descobrindo os benefícios do método Pilates de condicionamento físico. Neste caso, os exercícios são adaptados, suavizados, e algumas posições são modifica das para não entrar em choque com a anatomia da grávida. O método da maior sustentação à barriga e à coluna, alivia as dores lombares e melhora a irrigação sanguínea, evitando inchaços e varizes. O trabalho respiratório é fundamental para a futura mãe, pois traz tranquilidade a mulher, podendo ajudar na hora do parto (BLUM, 2002).

O Pilates também pode trazer diversos benefícios para os praticantes da terceira idade. O método garante o aumento da densidade óssea; libera a tensão das articulações, deixando-as mais móveis e flexíveis; aumenta a capacidade respiratória e cardiovascular; melhora a postura, evitando possíveis lesões de coluna; e desenvolve o corpo e os músculos, diminuindo a fadiga do dia a dia. Mediante a isso, pode-se dizer que o método Pilates de condicionamento físico está apto à proporcionar satisfação total aos praticantes da terceira idade que desejam obter uma melhor qualidade de vida, aproveitando ao máximo seu corpo e sua saúde (BLUM, 2002). O autor é membro e Diretor Científico da própria Associação.

Fonte:Théo A Costa

Pratique pilates


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Artigo científico: casa de força Pilates

(54 Fisioterapia Brasil - Volume 10 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2009)

Aspectos clínicos e morfofuncionais da casa de força no método Pilates

Clinical and morpho-functional aspects of the Pilates powerhouse method
Resumo

Apesar da difusão do Método Pilates e aumento do número de adeptos, observam-se poucos estudos que forneçam evidências científicas. Pilates é um método de condicionamento físico que integramente – corpo possui seis princípios básicos: concentração, controle,respiração, movimento fluido, precisão e casa de força. A prática segura do Pilates, fundamentada cientificamente, pode prevenir possíveis desconfortos lombares e promover uma melhor qualidade de vida. Diante dessa perspectiva, o presente estudo objetiva embasar cientificamente os aspectos morfológicos, biomecânicos e clínicos envolvidos no controle da casa de força. Seus componentes musculares podem ser classificados como estabilizadores ou mobilizadores de acordo com aspectos anatômicos, fisiológicos e biomecânicos.
 

Estes músculos compõem o sistema ativo de estabilização lombar,o que explica a importância da ativação da casa de força na prática do Pilates para manutenção da estabilização do tronco assim como a melhora ou prevenção de desequilíbrios musculares desta região.

Por meio da base de dados do sistema Medline, foram pesquisados publicações periódicas e artigos indexados na área de saúde nos últimos dezessete anos. O levantamento bibliográfico através de livros textos refere-se às publicações atualizadas da literatura especializada.


Novos trabalhos devem ser produzidos no intuito de enriquecer o método com bases teóricas e científi cas sólidas.
Palavras-chave: Pilates, casa de força, controle postural,contrologia.

Revisão

Abstract
Despite the diff usion of the Pilates Method and the increase in the number of followers, there are few of specialized studies that provide scientifi c evidence of its eff ectiveness. Pilates is a physical conditioning method that integrates mind and body, the basic principles of which includ e concentration, control, respiration,fl uid movements, precision and powerhouse. Th e safe practice of Pilates may prevent possible lumbar discomfort and promote a better quality of life. From this perspective, the aim of the present study is to determine the scientifi c basis of the morphological,biomechanical and clinical aspects involved in the powerhouse or center control. Th e muscular components of powerhouse can be classifi ed as stabilizing or mobilizing according to anatomical,physiological and biomechanical aspects. Th ese muscles make up the active system of lumbar stabilization, which explains the importance of the powerhouse activation in the Pilates method for maintaining stabilization of the trunk, as well as improving or preventing muscle imbalance in this region. By means of the Medline database system,periodicals and indexed articles in the health fi eld were surveyed over the last seventeen years. Th e bibliographic survey throu gh text books refers to updated publications of the specialized literature.
Further studies should be produced in order to enrich the method with solid scientifi c and theoretical bases.

Key-words: Pilates, powerhouse, posture control, contrology.
Recebido 29 de fevereiro de 2008; aceito em 8 de janeiro de 2009.
Fisioterapia Brasil - Volume 10 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2009 55

Introdução


Joseph Hubertus Pilates, idealizador do Método Pilates,nasceu na Alemanha em 1880. Criança frágil portadora de asma, raquitismo e febre reumática, quando jovem desenvolveu exercícios para melhorar a própria aptidão física. O Método Pilates é um programa de treinamento físico e mental que considera corpo e mente como unidade,dedicando-se a explorar o potencial de mudança do corpo humano. A produção literária de Joseph Pilates consiste em dois livros elaborados com a colaboração de seu amigo William John Miller, o prime iro em 1934, Your Health,que é um compêndio da sua fi losofi a, e outro em 1945,Return to life through contrology, que aborda os exercícios de solo [1-5].


Dentre as diversas práticas de treinamento resistido, o Método Pilates surge como forma de proporcionar força,flexibilidade, controle postural, consciência e percepção do movimento [6]. Está baseado em fundamentos anatômicos,fisiológicos, biomecânicos e possui seis princípios básicos que devem ser respeitados para sua correta aplicação. São eles: a respiração, a concentração, o controle, a precisão, a casa de força e o movimento fluido [7].


O controle da respiração possibilita a organização do tronco através do recrutamento dos músculos estabilizadores da coluna vertebral e da cintura pélvica favorecendo o relaxamento
dos músculos inspiratórios acessórios [7]. Respirar corretamente nutre o corpo, elimina toxinas, contribui para melhorar a concentração e aliviar a tensão muscular. Existe um padrão de respiração que acompanha cada exercício. Os objetivos são diminuir o ritmo da respiração, aumentar sua profundidade e unir respiração ao movimento [5].


A total concentração da mente em relação ao movimento executado otimiza a percepção consciente da posição e dos movimentos das diferentes partes do corpo – consciência cinestésica – favorecendo o controle do movimento. Este pode ser defi nido como o entendimento da atividade motora de agonistas primários em uma ação específica e caracteriza-se pela atividade consciente dos músculos envolvidos no movimento.


Pilates chamou isto de Contrology (Contrologia),defi nida como a correta aplicação dos princípios das forças que atuam no corpo, com o conhecimento dos mecanismos funcionais e o entendimento dos princípios de equilíbrio e gravidade aplicados em cada movimento [3-9].


A precisão de execução é empregada para melhorar a qua lidade do movimento, fundamental para o treinamento do alinhamento postural. A precisão ajuda a combater padrões de movimento indesejados e diminuir o risco de lesões [4,5,8,10].


A casa de força constitui o pilar fundamental do método,uma vez que é composta pelos músculos que estabilizam a coluna vertebral e os órgãos internos. Pode ser denominada Cinturão de Força ou Powerhouse e se estende desde a base das costelas até a região inferior da pelve. O controle do centro de força proporciona a estabilização do tronco e alinhamento biomecânico com menor gasto energético [2,4,5,9].


A união dos princípios supracitados conduz ao último princípio – fluidez do movimento ou integração de movimento  que pode ser entendido como um movimento coordenado e com uma dinâmica específi ca. Segundo Romana Kryzanowska, o Método Pilates pode ser descrito como “um movimento fl uído que emerge de um forte centro de força”.


São movimentos co ntínuos e leves que absorvem de maneira suave o impacto [4,8].
Atualmente, observa-se grande difusão e aumento do número de adeptos do Método Pilates em todo o mundo, entretanto, há uma nítida carência de evidências científicas. Diante dessa perspectiva, o presente estudo de revisão bibliográfica objetiva embasar cientificamente os aspectos morfológicos, biomecânicos e clínicos envolvidos num dos princípios fundamentais do Método Pilates, o controle da casa de força.

Método
Por meio da base de dados do sistema Medline, foram pesquisados publicações periódicas e artigos indexados na área de saúde nos últimos dezessete anos, nas línguas português e inglês. O levantamento bibliográfico, realizado através de livros textos, refere-se às publicações atualizadas da literatura especializada. No Medline, palavras-chave como powerhouse,postural control, contrology, balance, pelvic fl oor, abdominal muscles, transversus abdominis, diaphragm, trunk stability, respiratory muscles e suas similares em português, foram usadas isoladamente e em combinação na pesquisa. Após a análise do material bibliográfico, foram selecionados apenas os artigos de maior relevância para o objetivo proposto.

Estabilização do tronco


A “Casa de Força” ou “Centro”
A casa de força é composta por cinco grandes grupos musculares de acordo com a região onde se encontram. São citados e descritos como músculos da região abdominal, o reto, o transverso e os oblíquos internos e externos do abdome.


Constituindo a parede abdominal posterior ou região lombar são descritos os eretores e os transversos espinhais, os multífidos e o quadrado lombar. O grupamento extensor do quadril é composto pelos músculos glúteo máximo, isquiostibiais e a porção extensora do adutor magno. Os fl exores do quadril compreendem os músculos iliopsoas, retofemoral, sartório e tensor da fáscia lata. A região do assoalho pélvico abrange os músculos transversos superficial e profundo do períneo, e o levantador do ânus que compreende as porções iliococcígea,pubococcígea e puborretal [2,4,11,12]. Existem evidências de que os músculos do assoalho pélvico, o transverso abdominal (TrA) e o diafragma, quando co-ativados geram tensão nos 56 Fisioterapia Brasil - Volume 10 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2009 elementos constituintes da casa de força, reforçando a função do controle postural da coluna vertebral [13,14].


Categorias musculares
De acordo com suas características anatômicas, biomecânicas e fisiológicas, os músculos podem ser divididos em duas categorias: estabilizadores ou tônicos e mobilizadores ou fásicos [15,16].


Gibbons e Comerford [17] classificam os músculos em estabilizadores globais, estabilizadores locais e mobilizadores.


Os estabilizadores são descritos como monoarticulares, profun dos de contração excêntrica para o controle de movimento.

Os mobilizadores são biarticulares ou multissegmentais,superficiais e trabalham essencialmente para aceleração do movimento e produção de força.


O reto abdominal e as fibras laterais do oblíquo externo podem ser considerados como os principais mobilizadores,enquanto os oblíquos internos e o TrA são os maiores estabilizadores dos movimentos do tronco. Os estabilizadores primários são os músculos que não produzem movimento articular significativo, como os multífidos e o TrA. Os estabilizadores secundários, tais como os oblíquos internos têm uma excelente capacidade estabilizadora, mas, além disso,produzem movimento articular [15].


Estabilização pélvica Os músculos que contribuem para a estabilização da cintura pélvica são divididos em dois grupos importantes:unidade interna e unidade externa.


Os músculos da unidade interna abrangem os multífi dos,o TrA, o diafragma e a musculatura do assoalho pélvico.


Resultados de pesquisa recente fornecem evidências que os músculos diafragma e TrA, através de ações contínuas,contribuem para o controle da respiração e da postura [18].
O diafragma intervém no domínio estático e dinâmico do tronco através da fixação do seu centro tendíneo, que age sobre a dobradiça toracolombar (T11, T12, L1, L2) permitindo o tensionamento dos músculos espinhais provocando aumento da lordose lombar. O TrA comprime a massa visceral contra os corpos vertebrais corrigindo a lordose. A contração simultânea diafragma-abdominais mantém a geometria abdominal [19,20].


Estudos demonstram que quando os músculos abdominais são fortemente recrutados, toda musculatura do assoalho pélvico é acionada. O pubococcígeo tende a contrair sinergicamente com o TrA; o iliococcígeo e o isquiococcígeo, com os oblíquos abdominais. Acredita-se que o reto abdominal esteja associado ao puborretal. A contração bilateral do iliococcígeo e do isquiococcígeo leva a contranutação do sacro; a contração do multífido leva a nutação do sacro. Juntos, o levantador do ânus e o multífido atuam como um par de forças para controlar a posição do sacro [21].


Quatro sistemas compõem a unidade externa: oblíquo posterior, oblíquo anterior, oblíquo lateral e longitudinal profundo. O sistema oblíquo posterior abrange os músculos grande dorsal, glúteo máximo e a fáscia toracodorsal interposta.


Contribui de forma signifi cativa para a transferência de carga através da cintura pélvica durante atividades de rotação do tronco e durante a marcha. As fibras inferiores do glúteo máximo auxiliam na extensão do tronco principalmente durante atividades vigorosas, tais como correr, saltar ou subir escadas. Esse músculo liga-se extensivamente à cintura pélvica, mesclando-se com o multífido ipsilateral através das lâminas su perfi ciais da fáscia toracodorsal [21,22]. A fáscia toracodorsal representa uma estrutura importante em relação à transferência de carga do tronco para os membros inferiores.


Vários músculos responsáveis pela estabilização da cintura pélvica se ligam a essa fáscia e podem afetar a tensão no seu interior. Entre eles estão os músculos TrA, oblíquo interno,glúteo máximo, grande dorsal, eretor espinhal, multífido e bíceps femoral . O sistema oblíquo anterior é formado pelos músculos


oblíquos abdominais, adutores contralaterais do quadril e a fáscia abdominal anterior interposta.


O sistema oblíquo lateral abrange os músculos glúteo médio e mínimo e os adutores contralaterais do quadril. Esses músculos são essenciais à função da cintura pélvica na posição ortostática e durante a marcha.


O sistema longitudinal profundo inclui o eretor da espinha,a lâmina profunda da fáscia toracodorsal, o ligamento sacrotuberal e o mú sculo bíceps femoral. O bíceps femoral pode controlar o grau de nutação do sacro através das suas conexões com o ligamento sacrotuberal [23].


Sistemas de estabilização lombar Os discos intervertebrais, articulações zigapofi sárias e ligamentos constituem o sistema passivo. Os músculos e tendões adjacentes e atuantes na coluna vertebral compõem o sistema ativo. O sistema neural compreende os sistemas nervoso central e periférico que direcionam e controlam a atividade neuromotora, promovendo a estabilização dinâmica [24].


O modelo biomecânico proposto por Bergmark apud Hodges [25] para manutenção da estabilidade lombar classifica os músculos como locais e globais. Os músculos locais são os multífi dos, psoas maior, quadrado lombar, TrA e o diafragma que estão ligados às vértebras lombares diretamente e detém a habilidade de influenciar o controle inter-segmental.


Os músculos globais – reto abdominal, oblíquo interno e oblí quo externo – agem como acessórios ligados ao tórax e à pelve e têm a capacidade de controlar as forças externas que atuam na coluna vertebral.


Os multífidos têm como função auxiliar na extensão e flexão lateral da coluna vertebral ligando-se à lâmina profunda da fáscia toracodorsal na sutura que a separa do músculo glúteo máximo. As interconexões dos multífi dos facilitam Fisioterapia Brasil - Volume 10 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2009 57 sua contribuição para a estabilidade da região lombar e da pelve [21,26].


O músculo reto abdominal é responsável pela flexão anterior do tronco, tracionando as costelas em direção à pelve; em conjunto com outros músculos abdominais, desempenha importante papel no controle postural. Os músculos oblíquos internos e externos são chamados de “cinturão natural” do corpo. Eles também são responsáveis pela fl exão lateral e pela rotação da coluna vertebral [5].


Em estudo at ual foi observada a ocorrência de dor nos músculos posteriores da coxa durante exercícios isométricos do tronco realizados até a exaustão, demonstrando o importante papel dos músculos extensores do quadril em auxiliar indiretamente os eretores espinhais na estabilização lombar e na prevenção de dor nesse segmento vertebral [27].


Aplicabilidade clínica A estabilização muscular ineficiente da coluna lombar resulta em aumento do risco de danos [24]. Essa incapacidade pode ser resultante de desequilíbrios musculares caracterizados pelo encurtamento dos músculos eretores espinhais, flexores do quadril e a fraqueza dos abdominais e extensores do quadril. Para neutralizar as forças incidentes sobre as curvaturas da coluna vertebral, torna-se necessário o alongamento dos músculos eretores espinhais e flexores do quadril e o fortalecimento dos abdominais e dos extensores do quadril,promovendo melhor equilíbrio muscular [28].


Estudos demonstram que pacientes com dor lombar têm significante diminuição da força dos músculos estabilizadores e mobilizadores, determinantes da postura e movimentação da coluna lombar [29], além de redução da acuidade proprioceptiva e consequente dificuldade na percepção dos movimentos articulares. Desta feita, a execução de movimentos não fisiológicos predispõe às lesões na coluna vertebral [30].


Dentro desta perspectiva, alguns estudos observaram alteraçõesproprioceptivas durante o ato de sentar [31], na posição ortostática e de quatro apoios [32].


A fadiga dos músculos lombares interfere na habilidade de detectar a estática e a dinâmica da coluna lombar [33]. Estudos fornecem evidências de que a coordenação dos músculos do tronco está alterada em pessoas com história de dor lombar, mesmo quando assintomáticas. Portanto, é importante considerar que estes indivíduos podem apresentar um risco maior de lesão pela estabilizaç ão muscular inadequada da coluna vertebral [34]. De acordo com Gonçalves e Barbosa [35], após episódio de dor lombar ocorre rápida e permanente atrofi a dos músculos eretores espinhais. Todavia, através de exercícios de resistência isométrica é possível reverter a atrofi a e reduzir recorrência da dor lombar.


Treinamento muscular e Pilates Estudos indicam que o treinamento de resistência muscular
dos extensores do tronco reduz a dor e melhora a função muscular em sujeitos com dor lombar subaguda [36] e que o  alongamento dos músculos paravertebrais é essencial para um posicionamento adequado da pelve e da coluna lombossacra na posição sentada [31].
De acordo com alguns autores o método Pilates deve ser preconizado no tratamento das disfunções do assoalho pélvico [37] e na promoção da estabilidade do tronco [38]. Uma vez que os controles iniciais do movimento da coluna vertebral são atingidos, alguns autores propuseram que Pilates é o método chave para manter e progredir a estabilização através de movimentos mais dinâmicos e funcionais [39].


Pesquisas comprovam que o método Pilates é efi ciente no fortalecimento da musculatura do tronco, diminuindo desequilíbrios entre músculos extensores e flexores do tronco e reduzindo a probabilidade de lesões durante o exercício [9,40].


Esco [41], investigando a atividade dos músculos abdominais superficiais, reto abdominal, oblíquo externo e reto femoral através de eletromiografia (EMG) durante exercícios de Pilates, verifi ou recrutamento significativo desses músculos,comprovando a eficácia do método na ativação da musculatura estabilizadora do tronco.


Herrington [42] mediu e correlacionou a contração do músculo TrA em pessoas treinadas com Pilates, abdominais convencionais e grupo controle; concluiu que os exercícios preconizados pelo método proporcionam aumento da atividade profunda dos músculos abdominais e promovem manutenção do controle lombo-pélvico.


Estudos atuais comprovam a efi cácia do Método Pilates na redução da dor lombar crônica através da ativação específica dos músculos estabilizadores da região lombo-pélvica [43,44].


Conclusão


Diante da análise feita neste estudo, observamos a importância de aprofundar o conhecimento sobre os aspectos morfofuncionais da casa de força, a fiam de entender a relevância clínica deste princípio do Método Pilates no controle do equilíbrio da musculatura do tronco, diminuição da dor e melhora da função muscular. A prática segura dos exercícios preconizados por Pilates, fundamentada cientificamente, pode prevenir possíveis desconfortos lombares e promover integração mente-corpo, respeitando a singularidade e os limites de cada praticante e estabelecendo uma melhor qualidade de vida. É importante salientar que a aplicação clínica é ampla, desde que haja indicação adequada e particip ação ativa e consciente na execução dos exercícios. Todavia, novos trabalhos devem ser produzidos no intuito de enriquecer o método com bases teóricas e científicas sólidas.
58 Fisioterapia Brasil - Volume 10 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2009


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Fonte: Manoela B Krause Gonçalves,  Rita de Cássia de O Ângelo, , Paula P C Martins